LUÍS MANTA

domingo, 2 de outubro de 2016

UM POUCO DA HISTÓRIA DO JOGO E O MUNDIAL - Luís Manta

Até finais do século passado, o profissionalismo reduzia-se a poucas equipas, algumas no Brasil e outras em Espanha, existia essencialmente o amadorismo puro ou semi profissionalismo.
O jogo tinha o seu fundamento na elevada qualidade técnica e táctica dos seus executantes, privilegiando as equipas uma ideia de jogo onde os movimentos colectivos coordenados de apoio ao portador da bola eram a base, sem perder a objectividade naquilo que é a essência do jogo, o Golo...isto no plano ofensivo. No plano defensivo, de acordo com as dificuldades do oponente recorria-se à marcação individual ou zona, ou ainda, um misto.
Com a chegada do profissionalismo puro e em força e, as sua Ligas Profissionais, seja no Brasil, em Espanha ou na Rússia, o panorama alterou-se...a diferença e importância entre o perder ou ganhar, acentuou-se, levando a uma alteração gradual na forma de jogar, que culminou naquilo que hoje é praticado...
Hoje valoriza-se o jogar em segurança, o evitar o erro, hoje tenta-se desequilíbrios através de duelos individuais em alternativa a movimentos colectivos coordenados, hoje os tempos de ataque são muito curtos, a equipa troca no máximo 3 passes e chuta-se à baliza.
Como os jogadores estão mais bem preparados fisicamente, o jogo tornou-se mais físico, de muita luta, mais rápido e intenso, perdendo muito da sua qualidade táctica...mas mais apelativo para as transmissões televisivas. A acrescentar a tudo isto, há uma nova visão da arbitragem sobre o jogo, com mais complacência à marcação de faltas....dando origem a um jogo mais duro, por vezes a roçar a violência.
Depois disto tudo...está mais fácil jogar futsal, muito mais fácil.
Está muito mais fácil atenuarem-se as diferenças técnicas e tácticas entre as equipas.
Que ninguém se admire de aparecerem selecções cada vez mais próximo das melhores....Que ninguém se admire dos finalistas terem sido Argentina e Rússia...Que ninguém se admire das dificuldades que Sporting e Benfica têm por vezes em ganhar... Preparem-se porque vai continuar a acontecer.

Temos ainda o problema da Formação.
Antigamente os garotos jogavam futebol na rua e tinham toda a liberdade para errar, para criar, para "inventar", evoluíam errando...hoje são formatados desde pequenos, para ganhar....para não errar, para não "inventar", para jogar em segurança. Desaparecem os criativos, os "mágicos"...

Fazendo uma analogia com o futebol, o futsal está naquela fase que o futebol atravessou nas décadas de 70 e 80, em que o futebol inglês é que era bom, tendo como expoentes o Liverpool, Manchester e outros...o futebol tipicamente inglês de muita entrega, muita luta e jogo vertical. Mudaram-se os tempos e os próprios ingleses chegaram à conclusão que tinham de alterar a sua forma jogar e recorreram ao exterior. Hoje as grandes equipas jogam um futebol diferente, fruto do aparecimento de treinadores como Capelo, Anceloti, Mourinho e...Guardiola.

Eu fico a aguardar ansiosamente que no futsal apareça o "nosso" ....Guardiola.

Fiquem bem.

Luís Manta

O MUNDIAL, A SELECÇÃO, O SPORTING E O BENFICA

No momento que escrevo, ainda falta disputar o jogo que irá definir os 3º e 4º classificados no Campeonato do Mundo na Colômbia, entre Portugal e o Irão, mas isso não invalida nem influi no que vos quero expor.
Goste-se ou não da forma, eu pessoalmente não gosto, a selecção portuguesa teve a competência necessária para atingir os objectivos propostos, as meias-finais do campeonato do Mundo.
Verdade que o trajecto esteve facilitado, mas disso não temos culpa...a única culpa que temos é a de não termos aproveitado a oportunidade, próxima de ser única, de fazermos história e termos ido mais além...
E aqui é que está a grande questão...o problema é do seleccionador e dos jogadores ? Em minha opinião não, o seleccionador, embora discorde de algumas opções e gestão, considero uma pessoa competente, conhecedora e empenhada. Face ao contexto e se eu estivesse no lugar dele, se calhar teria feito pior... Quanto aos jogadores, no lote que foi, estarão os 8 a 10 melhores seleccionáveis, os outros são sempre uma questão de opção pessoal...mas no fundo os melhores estão lá (salvo um ou outro).
Então qual é o problema ?
O problema são as politicas desportivas do Sporting C. P. e S.L.Benfica para a modalidade.
Passo a explicar, porque não sou de fazer criticas só porque sim...
Sporting e Benfica, só investem na Formação, porque têm de ser campeões em tudo o que mexe...seja Iniciados, Juvenis, Juniores, faz parte do ADN a glorificação.
Já vai o tempo em que o Sporting C.P. sob o comando de Orlando Duarte, nos dava jogadores como Pedro Costa, João Benedito e outros....essa politica acabou, já vão uns anos bons e ninguém da formação estabiliza e dá o seu contributo sério na equipa principal.
Quanto ao S.L.Benfica, na modalidade desde 2001, não há registo de nenhum jogador da formação que tenha estabilizado, dando um sério contributo à equipa principal...
Estas equipas não valorizam o jogador português, querem é ganhar....
Ambas as equipas, têm duas formas de reforçar a sua equipa principal, primeiro reforçam-se no estrangeiro e depois, contratam tudo o que mexe com qualidade a nível nacional, seja no Braga, nos Leões, no Burinhosa...com a agravante que as contratações nacionais, normalmente jovens com potencial, vão ter pouco tempo de jogo de competição, prejudicando a sua evolução.
Depois disto, a grande penalizada é a selecção nacional...pois, salvo os "estrangeiros"  Ricardinho (sem dúvida o melhor do mundo) e Cardinal, bem como os jogadores do Braga/AAUM, mais ninguém tem ritmo competitivo ao mais alto nível.
Qual o tempo de jogo no campeonato passado de Bébé (um dos melhores no Mundial) ?
E Fábio Felicio ? E Miguel Ângêlo (no Sporting) ? E Ré ? E Djô ? E Pedro Cary (que ano após ano, perde espaço) ?
É que jogadores sem ritmo competitivo elevado...normalmente falham nos momentos cruciais.
O problema é este...se no futebol a politica é a mesma, mas os jogadores têm a possibilidade de ir para o estrangeiro, para campeonatos mais competitivos e evoluir, já no futsal já tal não é possível por falta de procura...

Enquanto esta conjuntura se mantiver, bem podemos acreditar ou ter fé...que não há milagres.

Fiquem bem, que eu vou andando por aí.

Luís Manta



sábado, 16 de julho de 2016


A RENOVAÇÃO DA CÉDULA DE TREINADOR - 3 - Por Luís Manta



Não tenho conhecimentos de Direito, mas pela informação que vou obtendo sobre o assunto, a "coisa" não anda muito longe do que vou descrever.
O Parlamento Europeu legisla sobre tudo o que é comum e do interesse da CE.
Legislação que poderá não ser imperativa mas indicativa dos caminhos a seguir...
Assim, quanto à renovação das Cédulas Profissionais das actividades, a CE deu indicação que a renovação das mesmas se devia obter com recurso a formação continua...
Acontece que como sempre, " há gente mais papista que o Papa ", vai daí, o "nosso" Parlamento mal aconselhado ( o tal bom aluno ) e sem ter em conta o mínimo da realidade desportiva do País, legislou à letra a directiva europeia, dando ao IPDJ poderes para aplicar a Lei...
O que se passa com os "Créditos" para renovação da Cédula Profissional de Treinador é transversal a todas as modalidades...resta saber é se é mesmo assim em todas.
Desconheço se noutras modalidades existe algum descontentamento, o que me é indiferente, pois não penso pela cabeça de outrem...
Alguém acredita que a CE não deu directrizes para que as Cédulas Profissionais de outras actividades, também não tivessem formação contínua, tais como os médicos, os arquitectos, os engenheiros, os advogados e outras ?  Pois...e as Ordens dessas actividades alinham nisso ? Claro que não...
Podemo-nos rebelar contra a situação, mas direi que é inútil, o problema não é restrito ao futsal mas sim a todas as modalidades...o FUTSAL só tem o ónus de estar agregado à FPF, onde tudo é mais caro, relativamente às outras modalidades.

Vamos andando por aí.

Luís Manta
10 de Maio de 2016

 O ANTIGAMENTE E O AGORA

Por defeito ou por virtude, existe sempre a tendência para se comparar o passado com o presente.
Grande parte das vezes e o futsal não foge à regra, derivado da realidade do momento e dos contextos, caímos no erro de comparar o incomparável...
É evidente e do reconhecimento de todos nós que a modalidade evoluiu com o decorrer dos tempos, hoje o profissionalismo é uma realidade, embora restrito a duas equipas, há uma Federação Portuguesa de Futebol mais próxima do futsal, a consciencialização de todos os agentes da importância da modalidade no contexto nacional, maior e melhor oferta de formação, diferentes quadros competitivos com maior abrangência nacional, transmissões televisivas semanais...tudo isto, faz parte da realidade actual do futsal.
Na vertente das condições de trabalho das equipas de Top profissionais, então estamos ao nível do melhor que há...
Então se temos todas estas condições, qual a razão porque deixámos de conquistar títulos internacionais a nível de clube ou de selecção, já para não ir muito atrás, porque não conseguimos repetir o 3º lugar de Guatemala ? Eu sei, a sorte tem sido madrasta e também depende em parte dos emparelhamentos dos sorteios, mas só isso explica ?
A minha explicação e é só minha, assumo-a, tem a haver com a politica desportiva das equipas profissionais, Sporting C.P. e S.L.Benfica.
Enquanto estes dois clubes somente olharem para o seu "umbigo", os seus interesses e não para a modalidade, pouco há a fazer...
Enquanto a valorização dos plantéis continuar a passar pela contratação de jogadores estrangeiros, alguns que não trazem valor acrescentado, em detrimento do jogador português.
Enquanto estas equipas não entenderem que a vinda de jogadores estrangeiros, retira tempo de jogo e consequente evolução ao jovem português, com danos colaterais para a selecção.
Enquanto os seus treinadores não perceberem que têm responsabilidades acrescidas no panorama do futsal nacional pela qualidade do futsal praticado pelas suas equipas, que são uma referência para muitos treinadores, com a consequente cópia de ideia de jogo.
Enquanto a ideia de jogo de ambas as equipas, for tipo "fast food", com grande pragmatismo, onde só interessa o resultado e tudo vale para alcançar o seu objectivo.
Enquanto a intensidade, a velocidade e a disputa, se sobrepuserem ao colectivo, à estratégia, à táctica e à técnica, estas equipas vão conseguindo os seus objectivos a nível interno mas nunca ganharão nada a nível internacional.
Enquanto a qualidade do futsal praticado não for proporcional ao investimento efectuado pelos clubes, o futuro não será risonho, mas antes periclitante...

Concluindo, é incrível, com as condições existentes hoje ao mais alto nível, continuarmos a assistir a espectáculos degradantes no aspecto técnico e táctico, como aquele que foi dado a assistir da final da Taça de Portugal.  Estes dérbies, de há uns anos a esta parte, sempre tiveram qualidade medíocre (só os mais distraídos ou menos exigentes estranham), este só foi um pouquinho pior.

Não se compreende, as condições de trabalho a evoluírem e a qualidade de jogo apresentada a regredir.


29 de Abril de 2016

A DERROTA APLICADA AO S.L.BENFICA

Em face do jogo da 1ª volta entre o S.L.Benfica e o C.F."Os Belenenses" efectuado a 31 de Outubro ter sido transmitido em diferido pela BTV, foi agora, averbada a derrota ao S.L.Benfica...
Desconheço o Regulamento que pune tal infracção, mas não tenho dúvidas que existe...as minhas dúvidas vão para o tipo de sanção, será que era a única ? Não haveria outra, talvez a pecuniária ?
Normalmente as infracções têm diversos tipos de penalização, consoante a sua gravidade...
Mas não é propriamente sobre isto que quero falar, a mim o que mais me escandaliza e não devia...é o facto da demora na decisão e o "timing". Não devia escandalizar porque já devia estar habituado.
Não me esqueço dos incidentes em Loures no jogo entre o S.C.Portugal e S.L.Benfica, os Processos Disciplinares levantados e a demora da sua conclusão... 
O Concelho de Disciplina da F.P.F. que tem como principal característica a "falta de tempo" para decidir... O último caso foi a demora a decidir a sanção a Slimani.
Vir decidir numa fase crucial da época, não para o S.L.Benfica, mas sim para a luta pelo acesso ao Play Off da fase final do Campeonato Nacional, é absolutamente inconcebível...
Como se devem sentir os clubes que lutam lado a lado com o C.F."Os Belenenses" pelo acesso ao Play Off ?
O C.F."Os Belenenses" sem ter culpa nenhuma, consegue antecipadamente o acesso caído do céu...
A Federação Portuguesa de Portuguesa que, reconheço, tem tido um trabalho meritório na promoção da modalidade, vem agora dar uma chumbada na credibilidade da modalidade...
Por muitas voltas que se dê, não há remédio...o FUTSAL está enredado nos vícios do futebol.
Concluindo, considero uma VERGONHA, não o castigo, mas  o momento em que ele saí...
Meu pobre futsal, uma modalidade de tostões, metida numa camisa de sete varas (estrutura) que vale milhões...
Era só isto...
13 de Março de 2016

O JOGADOR PORTUGUÊS

Se o jogador brasileiro se caracteriza pelo talento puro e vocação inata para a prática da modalidade, já o jogador espanhol se caracteriza pela capacidade técnica e rigor táctico, fruto de uma politica desportiva com objectivos bem definidos par a modalidade.

O jogador português, até há bem pouco tempo, caracterizava-se por ser um mix do jogador brasileiro e espanhol, onde imperava a criatividade, com boa técnica e um conhecimento táctico aceitável.
Acontece que resultado da falta de uma politica desportiva para a modalidade ( o Plano Estratégico para a Modalidade, não passa de uma treta, de algo bonito e bem escrito, para "inglês ver"), o que caracterizava o jogador português e disso fazia a mais valia, a sua enorme criatividade...tende a desaparecer.

A questão prende-se com a formação ou falta dela, dos treinadores / monitores dos escalões jovens.
A nossa realidade (haverá honrosas excepções), é que grande parte da formação nos clubes é desajustada e inadequada à idade dos garotos.
Há a nítida percepção que a aprendizagem é acelerada, saltam-se etapas de evolução e para ganhar...vale tudo.
Os treinadores/monitores por desconhecimento ou deficiente formação, desde muito cedo, aplicam metodologias de treino mais direccionadas para jogadores seniores do que para jovens aprendizes da modalidade...Há a tendência para aplicar o que se vê nas equipas seniores.
Um jovem jogador aprendiz de futsal, precisa de ver incentivada a sua criatividade, precisa de ter espaço para errar...os aspectos técnicos e tácticos do jogo, deverão vir de forma gradual e evolutiva.
Há treinadores, para quem parece que o mundo acaba amanhã e querem passar a informação toda de uma vez...
Quartar a criatividade a um jovem, é crime lesa futsal...
Por este andar, jogadores como Ricardinho, Nélito, André Lima, Miguel Mota, João Leite, Manuel Azevedo e outros tantos...não voltam a aparecer.

É urgente, definir o que deve caracterizar o jogador português e partir para uma formação competente e acessível.

Como ? Reformulando tudo o que se destina à formação de treinadores/monitores de escalões jovens (desde acessibilidade a preços, passando por conteúdos programáticos), depois dar formação aos formadores....que bem precisam.     

Era só isto e é o meu pequeno contributo...


Luís Manta

Exmº Senhor

Rui Pedro Bráz

Comentador de Futsal da TVI


Dirijo~lhe esta carta após a audição de um comentário seu na antevisão ao jogo Sérvia - Portugal a contar para o Europeu da modalidade a disputar em Zagreb que decorreu no sábado dia 06 de Fevereiro pºpº.
Disse então o Sr. Rui Pedro Bráz, que os jogadores que integravam a selecção que nos representou na Guatemala "...não tinham formação, eram oriundos do futebol de rua".
O desconhecimento não é grave, grave é querer fazer passar como verdade algo que não é, com a agravante de ser num meio de comunicação social. Fica a ideia que a modalidade não era organizada...
Então o Costinha não teve formação no Sporting ? O André Lima não teve no Miramar ? o Nélito não teve no Correio da Manhã ? E fico-me por aqui...
Mas não quero que fique sem conhecimento da modalidade que lhe dá algum rendimento a ganhar ao fim do mês e passo-lhe a explicar um pouco da sua história.
Em 1º lugar quero corrigi-lo e dizer-lhe que o mundial da Guatemala se realizou de 18 de Novembro a 3 de Dezembro de 2000 e não em 2001 como disse.
Decorria a década de 80 do século passado e foram organizados 2 Torneios Eusébio em futebol de salão, com grande adesão de equipas, às centenas. O primeiro torneio teve tal êxito que no ano seguinte foi organizado novamente.
Daí, foi um passo para organizar uma modalidade que se caracterizava por ser praticada em torneios organizados por todos o País.
Fundou-se a Federação Portuguesa de Futebol de Salão, ligada à FIFUSA, apareceu a Liga Portuguesa de Futebol de Salão, com vida efémera e a AFL a organizar os campeonatos distritais de Futebol de Cinco.
Na Federação Portuguesa de Futebol de Salão pontificou como seu expoente o G.D.Correio da Manhã, No campeonato organizado pela Liga Portuguesa Futebol de Salão, ainda participaram o G.D.Correio da Manhã e o S.C.Portugal e, nos campeonatos de Futebol de Cinco, inicialmente distritais organizados pela AFL e depois nacionais já pela FPF, pontificou o Sporting C.P.
Já na década de 90, foi fundada a Liga Portuguesa de Futsal com carácter regional e a norte, onde pontificou o Miramar F.C.
O FUTSAL deriva de um misto de regras de jogo do futebol de salão e de futebol de cinco, de modo a colmatar as clivagens no seio da modalidade e assim, uniformizar regras e aglutinar o máximo de praticantes. Mérito da FIFA que teve essa visão em detrimento da FIFUSA.
Quando em 2000 decorreu o Mundial da Guatemala, já em Portugal desde 1995 a modalidade era praticada de forma uniformizada.
Antes disso, para que tenha conhecimento, Portugal foi Campeão do Mundo, Campeão da Europa e ganhou Taças Latinas, tudo em selecções de futebol de salão, foi Campeão Europeu e Campeão Ibérico de clubes, também em futebol de salão.
Que a modalidade se organizou melhor, que evoluiu...é verdade, agora esquecer todo um trabalho efectuado a montante de 2000 e tratá-lo como se futebol de rua fosse, não aceito.
Dito isto, a modalidade em todas as suas vertentes e que lhe deram origem, é muito anterior ao tal ano de 2000 do Mundial da Guatemala. Formou grandes jogadores que hoje são mitos da modalidade.
Em jeito de despedida, peço-lhe para acabar com o cognome de "carrocel" ao conjunto de movimentos ofensivos coordenados executados pela selecção espanhola...é que o futsal, por muito que o queiram fazer parecer, não é uma feira.

Atentamente,


Luís Manta

Amante da modalidade há mais de 40 anos.

 

sábado, 9 de maio de 2015


ALTERAR OU NÃO, AS REGRAS - Por Luís Manta

Escrevo estas linhas, numa altura em que se comenta a oportunidade de alteração/adequação das regras do jogo em favor do espectáculo, isto a propósito do excesso (segundo alguns) de utilização da situação de GR Avançado, que tem o expoente máximo na interpretação ofensiva do jogo que a equipa do Kairat faz.

Começo por recordar os primórdios da modalidade (cá em Portugal) onde não havia organização e floresciam os Torneios de verão pelo País inteiro, onde as regras estavam consensualmente estabelecidas, o GR não podia sair fora da área, O GR ao repor a bola em jogo, esta tinha de tocar no seu meio-campo, não era permitido levantar a bola acima do joelho (ou cintura, conforme os torneios), não era permitido fazer golos dentro da área...
Numa breve análise feita a este resumo das regras de jogo de antigamente, constata-se que os problemas que tanto se reclama hoje em dia...o GR Avançado e o jogo directo, não tinham cabimento segundo as regras de então.

Será que aqui também imperou a sapiência da experiência adquirida ?

Ao alterar-se as regras não se estará a retroceder no progresso da modalidade ?

Estou à vontade para falar sobre o assunto, porque pelos escritos que tenho feito ao longo do tempo, sempre me manifestei anti-GR Avançado e jogo directo, motivo pelo qual, penso ter alguns créditos para falar sobre o assunto.

Sobre o recurso ao GR Avançado, que é uma utilização licita das regras do jogo, quer-me parecer que mais importante que reclamar, se devem canalizar as atenções para arranjar esquemas tácticos que contrariem este tipo de sistema ofensivo, constatando-se que actualmente já se defende muito melhor à Zona e poucos efeitos positivos produz, salvo a estratégia tipo Kairat, que terá de ter uma abordagem diferente.  

Quanto ao jogo directo, recurso por opção táctica de determinados treinadores ou por incapacidade de sair de pressão alta, aqui é uma questão de qualidade e filosofia de jogo, parecendo-me descabido qualquer possível alteração às regras.

A modalidade evoluiu no tempo e estabilizou as suas regras.

Dentro das regras do jogo, várias formas de jogar se podem encontrar e o belo da modalidade está precisamente aí...na inovação e no contrariar.  

Por hoje era só isto.

Luís Manta

segunda-feira, 27 de abril de 2015


COMO EU VI A UEFA CUP 2015 - Por Luís Manta

Começo estas linhas por dar conhecimento não me ter sido possível ver o evento ao vivo.

De acordo com os diversos comentários que fui lendo, quer de interpretes, quer de adeptos, a organização esteve excelente e está de parabéns a organizadora do evento, a secção de futsal do Sporting C. Portugal.

Quanto ao futsal propriamente dito, sem novidades.

O Dína de Moscovo na linha de participações de equipas russas..., o Barcelona um pouco mais fraco, menos coeso, o Kairat a ser novidade só para os distraídos e o Sporting C. Portugal a fazer pela vida e a estar ao nível do exigido.

No jogo Sporting C. Portugal vs F.CV. Barcelona, o Sporting vendeu cara a eliminação, tendo uma prestação bem conseguida e merecendo a decisão no prolongamento. O Barcelona há semelhança de jogos decisivos anteriores, teve algumas dificuldades no plano defensivo, na eficácia da finalização e na concentração. Acabou por ganhar fruto da maior qualidade individual e experiência dos seus jogadores.

No jogo de apuramento para os 3 e 4º lugares entre o Sporting e o Dína, vitória expressiva e concludente do Sporting, marcando a diferença de postura de ambas as equipas na abordagem ao jogo. Uma ambiciosa, a mostrar o seu colectivo, a querer mostrar o seu valor, a não deitar a toalha ao chão e outra, frustrada, desastrada, desanimada, sem convicção...

Sobre a final, tratou-se de um jogo bem disputado, bem jogado, com vencedor merecido.
A estratégia ofensiva da equipa do Kairat não é novidade para ninguém ligado à modalidade. Longe de pensar que o trabalho de casa não foi efectuado pelos adversários, tudo gente profissional, acho que as opções não foram as melhores.
O Kairat ao ter como estratégia ofensiva o recurso ao GR Avançado durante todo o jogo, coloca dificuldades de coesão defensiva e concentração, pouco habituais às equipas adversárias. O Kairat num trabalho que já leva alguns anos, está preparado táctica e mentalmente para o efeito e as equipas adversárias, não...defender o GR Avançado 5' é uma coisa, defender durante 40' é outra absolutamente diferente.
Só há duas opções, ou recuamos as linhas de marcação e deixamos o Kairat ter a iniciativa ou subimos as linhas de marcação, fazemos pressing em todo o campo e não deixamos o Kairat jogar...o que não é fácil.
Tanto o Dína de Moscovo como o Barcelona, recuaram as linhas e deram a iniciativa ao Kairat com as consequências já conhecidas.  Mesmo aqui, poderia ter havido uma postura de defesa agressiva, ou seja, induzir o Kairat a jogar nas alas e aí criar situações de superioridade numérica para fazer roubos de bola, mas não, e tantas vezes o cântaro vai à fonte...
É desgastante defender desta forma o Kairat, pois a equipa tem as situações de ataque bem rotinadas e mesmo quando perde a posse de bola, raramente deixa atacar...
A alternativa seria subir as linhas de marcação, fazer um pressing constante sobre todos os jogadores, um sufoco, não deixando o Kairat jogar de GR Avançado...não é fácil, mas com um trabalho profissional, é perfeitamente exequível.
O próprio Kairat, reconheça-se, evoluiu na fase de construção de jogo (sem recurso a GR Avançado) quando de posse de bola, apareceu autoritário, fluido, sem recurso a jogo directo constante.
Justo vencedor.

Já o disse, não nutro uma ponta de simpatia (antes pelo contrário)  pela estratégia utilizada pelo Kairat, acho que tira espectacularidade ao jogo...no entanto, penso que a solução não passa por alterar as regras do jogo, mas sim por as equipas adversárias fazerem bem o trabalho de casa para contrariar esta estratégia.

Não colhe o argumento sistemático de que estas equipas não são russas, ou italianas, ou cazaquistãs, ...etc por terem muitos jogadores brasileiros, porque a realidade do futebol não é muito diferente, então se atendermos às equipas de top portuguesas e verificarmos quantos jogadores portugueses jogam...

Voltei a não gostar da arbitragem, existe muita confusão na definição de "disputa de bola" com a consequência do não sancionar de inúmeras faltas, empurrões e bloqueios que são puros "abraços", sistematicamente sem punição...

Remato dizendo que o Sporting C. Portugal não se apresentou deficitário em termos de trabalho colectivo de equipa, apresentou-se bem preparado, bem trabalhado, fica-me a convicção, que a diferença esteve na qualidade individual dos jogadores.
Fica uma imagem bastante positiva da equipa do Sporting C. Portugal, com boas indicações para a Final-Four da Taça de Portugal que aí se avizinha.

É só isto.

Luís Manta

 

 

quinta-feira, 23 de abril de 2015


A RELAÇÃO DA F.P.F. COM O FUTSAL - Por Luís Manta

A relação da Federação Portuguesa de Futebol com o FUTSAL é uma relação de conveniência únivoca.

À F.P.F. interessa a evolução e divulgação do FUTSAL, "quanto baste", não pode é atrapalhar.

Sabe bem à F.P.F e às suas Associações de Futebol, receberem as receitas resultantes das inscrições das equipas, dos jogadores, das multas, cursos de treinador...e olhem que não é pouco.
Sabe bem à F.P.F. através das suas selecções femininas de futebol, recorrerem assiduamente a jogadoras de futsal, quando tal é necessário.
Sabe bem às Associações de Futebol receberem os votos dos clubes de futsal por altura de eleições.

Constata-se que nestas alturas o futsal não é esquecido pela F.P.F e suas Associações.

O futsal é esquecido quando se marca um jogo de futebol da importância deste S.L.Benfica vs F.C.Porto para as 17 h de domingo, quando se sabe, há muito, que a final da Final-Four da UEFA CUP Futsal a disputar em Lisboa no Meo Arena pelas 17h 30', ou seja, coincidem no tempo.
Saberão, certamente, as pessoas da F.P.F. que há a possibilidade de uma equipa portuguesa estar presente nessa final, o Sporting C. de Portugal.

Ao haver sobreposição de horários, impede adeptos de poderem assistir ao vivo ou via TV em directo a ambas.
Se o Estádio da Luz leva 60.000 espectadores e a Arena Meo 10.000 e ambos estão esgotados, poderemos estar a falar de milhares de adeptos de futsal e futebol e, isto só os que vêem ao vivo.  

E aqui não vale o argumento de o S.L.Benfica e o F.C.Porto (não tem futsal) não estarem presentes na UEFA CUP, pois a maioria dos espectadores que vão estar presentes na Arena Meo, não serão adeptos do Sporting C. P., mas sim, amantes da modalidade.

A UEFA CUP Futsal, é só a maior competição masculina de futsal de clubes a nível mundial...e que por acaso, até tem uma equipa representativa do futsal nacional, da F.P.F.. 

Convém lembrar que os dois eventos se realizam ambos em Lisboa, motivo porque grande parte do País não tem possibilidade de os ver ao vivo, só pela TV e nem toda a gente tem possibilidade de gravar para ver mais tarde...
Todos gostamos de desporto, de futebol, de futsal e de preferência, os grandes eventos vistos em directo.

Mesmo sendo modalidades de Federações diferentes, quanto a mim, já era criticável, aqui não, são duas modalidades geridas pela F.P.F. e embora a organização do evento seja do Sporting C. Portugal, a F.P.F. está representada, Paulo Futre é o patrono e tem sempre uma palavra a dizer na UEFA CUF.

Já sei que vem o argumento estafado que a televisão é que tem culpa, pois o único horário disponível era este...não podia ser, nem mais tarde nem mais cedo, só que neste caso é a Benfica TV e não pega.
Ou então que a prova é organizada pela Liga de Clubes e não pela F.P.F.. Não colhe também, porque a Liga quando marca jogos ou altera jogos deve dar conhecimento disso e ou pedir a ratificação à F.P.F.. Se não é assim, devia de ser.

Se querem saber, acho que até nem foi por mal, nem se lembraram...

Resumindo, existe uma falta de sensibilidade imensa para tudo que se relaciona com o futsal.  

Era só isto e penso que reflecte o pensamento de muitos amantes das duas modalidades.


Luís Manta

quinta-feira, 16 de abril de 2015


SER OU NÃO PROFISSIONAL... Por Luís Manta

No fim de semana e já não pela 1ª vez, ouvi algo que pode levar ao engano algumas pessoas sobre a definição de profissionalismo.
Disse o treinador do Sporting C.Portugal, Nuno Dias, que o Sporting C.P. e S.L.Benfica não eram as únicas equipas profissionais, pois tanto o Braga-AAUM e o Fundão também seriam, dando como exemplo alguns jogadores que não têm outra fonte de rendimento para além do futsal.
Convém não confundir "jogador profissional" com "equipa profissional".
Se considerarmos que é profissional o jogador que se dedica em exclusivo à modalidade e daí ter a
sua única fonte de rendimento, teremos, certamente, mais jogadores profissionais no Campeonato Nacional do que somente os jogadores do S.C.P. e S.L.B.
Mas para aferir resultados e prestações colectivas, devemos-nos focar no profissionalismo da equipa.
O profissionalismo de uma equipa não se define porque tem 3 ou 4 jogadores profissionais...é bastante mais complexo e exigente.
Começa na estrutura de apoio à equipa, passa pela logística e acaba nas condições proporcionadas para o treino. 
E aí, a realidade é só uma, só o Sporting C.P. e S.L.Benfica são profissionais.
Para além de Sporting e Benfica quantos clubes tem uma estrutura profissional de apoio à equipa ?
Para além de Sporting e Benfica quantos clubes têm Departamento Médico profissional ?
Para além de Sporting e Benfica quantos clubes têm condições profissionais de logística nas suas deslocações ?
Para além de Sporting e Benfica quantos clubes têm a possibilidade de fazer UT (Unidades de Treino) bi-diárias ?

Tomando cada UT como um período de 1h30' e a média semanal de 4 UT para equipas não profissionais e, 8 UT em média para as equipas profissionais, resulta num mês de 4 semanas em mais 24 h de trabalho para as equipas profissionais...
Uma equipa que, supostamente, tem os melhores jogadores e trabalha mais 6 h que as restantes semanalmente...só não é mais valia, se a qualidade do treino for deficiente.

Concluindo, tudo o que Sporting e Benfica consigam ganhar, não fazem mais do que a sua obrigação...reconhecimento e mérito deve ser dado aos Braga-AAUM, "Os Belenenses", Leões de Porto Salvo, Fundão, Olivais e outros, que pontualmente se intrometem e complicam a coisa.     

Era só isto que tinha a dizer.

Luís Manta

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015


ASSOCIAÇÃO DE TREINADORES DE FUTSAL - Por Luís Manta

Tomei conhecimento que está em curso um movimento para a criação de uma Associação de Treinadores de Futsal. Já não é sem tempo, ontem já era tarde...
Há muito que venho manifestando a opinião de que era urgente criar uma Associação da classe de treinadores, como forma de defender os interesses do futsal e dos mesmos.
Precisa-se uma Associação, nacional, abrangente, que mobilize e aglotine todos os treinadores, sejam amadores ou profissionais.
Uma Associação que fomente a valorização do treinadores de futsal, que preste apoio técnico aos clubes, que colabore nos cursos de treinador, que seja um parceiro junto da FPF e das Associações de Distritais de Futebol na resolução dos problemas do futsal...
Nada deve ser feito à pressa, os treinadores de Norte a Sul do País devem ser ouvidos, é hora de nos reunirmos em torno de um interesse comum...o futsal.
Alerto os "obreiros" que vai ser um processo longo, desgastante, vai haver obstáculos, vai mexer com o poder de alguns, mas não é nada a que esta gente não esteja habituada...
É importante começar bem, fazer tudo bem feito, não descurar nada nem ninguém...
A este grupo de treinadores que estão a meter mão à obra, o meu agradecimento.

BEM-HAJAM

Luís Manta

domingo, 15 de fevereiro de 2015


AINDA A RENOVAÇÂO DAS CÉDULAS DE TREINADOR... - Por Luís Manta


Anteriormente, já expressei a minha opinião sobre o assunto, mas vou repetir.

Na generalidade, os cursos de formação são um negócio para encher os bolsos de alguns, em desfavor de quem mais precisa. E quem enche os bolsos, por norma, está ligado ao poder, através do amiguismo, do compadrio, do conhecimento, das "luvas"...Vidé acções de formação da CEE.
Sei que em algumas profissões, poucas, é necessário formação contínua para poder continuar a exercer o ofício, mesmo depois do elevado investimento num curso superior...
Repito, a formação só deveria ser obrigatória se a entidade patronal quisesse valorizar os seus colaboradores, tirando daí benefício acrescido. O colaborador sendo empregado por conta de outrém, estaria obrigado, sem qualquer despesa.
A título indivudual, a formação não deveria ser imperativa, mas sim uma manifestação individual de ambição profissional e vontade de valorização. Neste caso, a expensas do próprio.

Aplicando ao Futsal, se o clube quiser ter um treinador valorizado, só tem de pagar a formação do seu treinador, ou então, se o próprio for ambicioso e se, se quiser valorizar, suportará as despesas. Mas sempre facultativo.  

Acabei de receber um mail do Instituto Português do Desporto a avisar-me que a minha Cédula de Treinador tinha nova data de validade e remetem-me para a consulta de um link do IPDJ.
Agradeço a atenção do IPDJ, mas não tencionava renovar a Cédula de Treinador de Futsal e agora, mais reforçada ficou a minha decisão..

Diz a " Página do IPDJ " com o título e o texto que passo a transcrever, por cópia :
 
" REVALIDAÇÃO DO TÍTULO PROFISSIONAL DE TREINADOR DE DESPORTO
                                                                                                 

Conforme o estabelecido pela Lei n.º 40/2012, de 28 de agosto, em conjugação com Portaria n.º 326/2013, de 1 de novembro, o Título Profissional de Treinador de Desporto tem a validade de 5 anos, podendo ser revalidado por igual período, desde que sejam obtidas 10 Unidades de Crédito (no cumprimento das condições abaixo descritas) em ações de formação contínua devidamente certificadas pelo IPDJ, IP e realizadas no período de vigência do Título em questão. "


O legislador ( leia-se Governo e AR ) não percebe nada disto...legisla baseado em consultoria e pareceres, de quem, pretensamente, deveria perceber do assunto e ter sensibilidade para o mesmo. Acresce o facto de haver, concerteza, normativo europeu sobre o assunto e aqui vai disto, que temos de aplicar, mesmo que a realidade do nosso desporto não se coadune com tal coisa...
Toda a legislação ou normativo, sejam eles nacionais ou europeus, são passiveis de serem contornados, há sempre fuga...assim haja vontade. Aqui era o caso e absolutamente essencial.
 
Entendo tudo isto, como uma enorme falta de sensibilidade, de competência e visão estratégica para o desenvolvimento do desporto nacional.
Vejamos. Revalidação do Título Profissional de Treinador de Desporto...suponho, isto destina-se a todas as modalidades, quantas modalidades têm Ligas profissionais ? Alguém fez um levantamento de quantos são os treinadores de desporto profissionais em Portugal ?  E quantos são os amadores ?  
Profissionais e amadores, tudo no mesmo saco ? 
O desporto em Portugal carece de uma politica desportiva estrutural, os problemas, as dificuldades são transversais a todas as modalidades.
Falando de FUTSAL, é o mesmo que falar de Andebol, Basquetebol...etc.

No FUTSAL, sou absolutamente contra, no entanto e dando de barato o facto, até podia compreender que tal obrigação de formação para a revalidação da Cédula de Treinador se aplicava só aos treinadores portadores de Cédulas com os Níveis 3 e 4, porque são os únicos com habilitações para treinar na 1ª Divisão...
A "nossa" realidade é absolutamente contrária, 99% dos treinadores são puramente amadores, em muitos casos, são o suporte dos clubes, não recebem...ainda pagam. Alguns clubes, sem eles, acabavam com a modalidade.
No contexto económico do País, quem legisla, quem está nos gabinetes, quem está no IPDJ, quem está na FPF, já se deu ao trabalho de saber quais são os custos para a revalidação da Cédula de Treinador ? Contabilizando o tempo "subtraido" à família, as deslocações, o custo das acções de formação de duvidosa qualidade...
Se o treinador não tiver capacidade financeira para tirar o curso e custos com a revalidação da cédula, porque os preços da formação no futsal são exorbitantes, são proibitivos,  quem paga ? O clube ? Os clubes, fazem milagres e são parcos os rendimentos.
E a qualidade das acções de formação que contam para os créditos ? Vão continuar na mesma ? A serem sempre os mesmos amigos iluminados, visionários, inovadores, cujo trajecto desportivo é nulo ou próximo disso, a debitarem cá para fora umas "larachas", como se percebecem muito do assunto...     

Estão a matar a modalidade aos poucos, ela vive e sobrevive da dedicação, da paixão, do sacrificio, do empenho de toda uma série de gente que é puramente amadora e no caso particular dos treinadores.

Resumindo e concluíndo, tudo isto está mal, objectivamente a
Lei n.º 40/2012, de 28 de agosto, em conjugação com Portaria n.º 326/2013, de 1 de novembro, destina-se a 4 ou 5 treinadores de futsal portugueses, contando com os que estão estrangeiro...


Façam o favor de ficar bem, porque eu, quando em 2017 terminar a validade da minha Cédula de Treinador, passo à "disponibilidade"...mas vou andar por aí. 

Luís Manta

domingo, 8 de fevereiro de 2015


O JOGO DIRECTO - Por Luís Manta

Há uns anos ( por volta de 2002 ), numa reunião de treinadores, sobre o tema "Saída de Pressão", um treinador saíu-se com esta : " Não tem problema...estás pressionado, jogas no GR contrário e pressionas tu, transferes o problema ". Quem me conhece, sabe que devo ter reagido mal e foi o que aconteceu.
Para meu espanto, passados estes anos todos, esta época ao assistir a um jogo pela TV e num periodo de desconto, ouvi um treinador a ter o mesmo discurso para os seus jogadores.
Se é esta a ideia de jogo ou solução para quando as equipas estão sujeitas a pressão, estamos conversados...e muito mal vai o futsal.
Nada tenho contra o GR jogar directo ao pivot (antes pelo contrário), mas através de trabalho colectivo, com a bola jogada rasteira, fácilmente recepcionável, para o pivot poder rodar ou assistir os companheiros que em trabalho colectivo tenham vindo em apoio.
Sou contra, o jogo ditecto ao pivot, com passes para a cabeça ou peito, sem apoios, sem trabalho colectivo.
Por vezes, dá a ideia que o objectivo é ganhar terreno, ganhando um livre de canto ou um fora...mais parecendo o futebol americano.
Hoje, não se vê um jogador sujeito a marcação cerrada fazer uma simulação para libertar espaço e poder fazer a recepção da bola, tudo é muito rápido, muito intenso, ninguém pensa o jogo, todos correm muito...mas mal..
Compreendo que treinar a fase de construção de jogo para sair de pressão intensa, não é fácil, mas optar pela maneira mais simples e sem qualidade para resolver o problema, não me parece de todo a melhor solução. Pontualmente aceita-se...
Nenhuma equipa de qualidade, ganhadora, a nível mundial, tem como forma sistemática de sair de pressão, o jogo directo...
Assim vai o nosso futsal...

quinta-feira, 16 de outubro de 2014


O CURSO P/TREINADORES NIVEL III Por Luís Manta

A Federação Portuguesa de Futebol que dirige a seu belo prazer e capricho a modalidade de FUTSAL, o primeiro e crucial erro que comete na gestão da modalidade é na análise realista da dita.
Trocando por "miúdos", a realidade do futsal não se cinje às equipas que disputam a 1ª Divisão, antes pelo contrário, quase a totalidade dos clubes são pobres e sobrevivem com grandes dificuldades, bem como, os agentes desportivos, dirigentes, jogadores e treinadores, só por paixão e carolice se mantêm em actividade...
As poucas equipas que conseguem investir na modalidade, são a excepção à regra e não o contrário.
Quando mais de 90 % dos treinadores não recebe qualquer subsidio ou recebendo, o que recebe não dá para o gasóleo, pedir 2.950,0 Euro's por um curso de Nível III é uma afronta, digo mais, considero uma provocação.
Parece-me de todo desproporcionado o montante face à realidade actual da modalidade e do País.
Das duas, uma, este encargo com a formação de um treinador ou é pago pelo clube ou pelo próprio.
Só por incompetência ou falta de visão da realidade se pode organizar um curso desta forma. Passo a explicar.
Há muito que digo, que a forma de funcionamento dos cursos está errada e não está ao serviço de uma modalidade que está a crescer e precisa de qualificar os seus agentes.
O que está mal é organizarem um curso a nível nacional e à pressa, de forma a permitirem que alguns treinadores legalizem situações que não deviam existir.
O preço exorbitante do curso só existe porque a Formação Especifica é num hotel em Pombal e em regime interno, se organizassem três cursos, um no Norte, outro no Centro e outro no Sul, tudo era diferente...mas não há tempo, não é ?
O funcionamento do curso :  Analisando a Formação Geral, a ter aulas nas instalações da FPF todas as 2ªs feiras no periodo de 03 de Novembro a 18 de Maio de 2015 pelo preço de 500 Euro's, deduzo que a FPF não cobre despesas pelo espaço ocupado na formação, ficando os 500 Euro's para despesas com material fornecido de apoio à formação e para despesas de honorários com os formadores em 29 aulas (é o nº de 2ªs feiras no periodo). E aqui no que toca a honorários a formadores, devo dizer que não tendo havido aumentos de há 10 anos para cá, são 25 Euro's à hora mais despesas de deslocação (Kms) e refeição. Ou seja, um formador que faça 20 horas num mês, ganha o ordenado mínimo...nada mau, para ajudar a modalidade e o espirito altruísta sempre presente.
Os 500 Euro' estão justificados...
A Formação Especifica a ter lugar em Pombal em regime de internato no periodo de 06 a 29 de Julho de 2015 até nem considero cara...atendendo às condições. São 24 dias. Pagar hospedagem em pensão completa, mais material de apoio e honorários aos formadores...
Aqui, até parece que foi feito à medida de alguém...ou se é profissional, ou se tira férias no emprego e mais uma vez a familia é penalizada (aqui, desnecessáriamente).
Mais um tiro no porta-aviões...
Se não sabem, perguntem como se faz...conversem com colegas dirigentes de outras modalidades ou aproveitem, nos passeios digo deslocações  ao estrangeiro e averiguem junto da Federação Espanhola e outras... 
A modalidade está entregue aos "bichos"...

segunda-feira, 8 de Setembro de 2014


RICARDINHO, o melhor futsalista português de sempre. Por Luís Manta

Proponho-me escrever sobre este assunto no momento em que o Ricardo Braga, mais conhecido no futsal por Ricardinho, recebe o titulo de melhor futsalista da Liga Espanhola de futsal da época transacta. Mais uma distinção, das inúmeras que tem tido ao longo da sua carreira.
Estou à vontade para falar sobre este assunto, na medida em que a minha ligação à modalidade está vinculada desde o seu início até ao presente, atravessando por isso duas gerações de jogadores, mais ainda, por ter tido o privilégio de ter treinado e jogado com jogadores que foram e ainda são referências para a modalidade, casos de Manuel Azevedo, Nélito, Ivo Cristóvão, Tucho, Féria, Rui Varela, Xana, Rui Ribeiro, Hélio Matos, Séninho (com breve passagem pelo CM) e outros. Já numa geração mais recente, quatro jogadores com quem não trabalhei mas também são referências na modalidade, André Lima, Pedro Costa (Costinha), Arnaldo e Joel Queiróz.
O futsal em Portugal, a partir de meados da 1ª década deste século passou a ter um incremento e uma visibilidade mediática, que a fez evoluir de forma absoluta.
Só o simples facto de ter passado a haver equipas profissionais no campeonato, com todas as condições de trabalho inerentes ao facto e o acesso dos melhores jogadores a essas condições, faz com que se potenciem as suas qualidades para patamares nunca antes atingidos. Só por este facto, reconheço que a comparação não será justa.   
No entanto e ainda assim, mantenho a minha opinião, Ricardinho é o melhor futsalista de sempre...e o reconhecimento internacional é prova disso.
É injusto reconhecer o Ricardinho só pela sua "magia", pois ele neste momento defende como ninguém, a sua técnica individual é única, conhece a tática como poucos e será dos jogadores mais equilibrados no futsal mundial...
O Ricardinho, hoje, é um grande jogador de equipa, do colectivo...sem perder as suas qualidades individuais, que podem decidir um jogo num lance...
Em minha opinião, o Ricardinho tem tudo para ser o jogador perfeito de futsal... morfológicamente, com qualidades técnicas inatas e paixão pelo jogo.
Tive a oportunidade de acompanhar a sua evolução à distância, desde os tempos do Miramar, passando pelo SLB e depois no estrangeiro e, a sua evolução tem sido fantástica...
Através do seu trabalho, conseguiu atingir patamares que são um marco e um orgulho para o futsal português.
Vou mais além...em comparação com o "seu" ídolo, Falcão,não perde, antes pelo contrário... não terá tanta "magia", mas é mais equilibrado e mais jogador de equipa.

Termino com uma pergunta, será que com as condições de trabalho actuais os jogadores da geração anterior conseguiriam atingir esta qualidade ? Nunca iremos saber, os factos são estes e estão aí.

quarta-feira, 13 de Agosto de 2014

 OS TORNEIOS DE VERÃO Por Luís Manta

Os Torneios de Verão durante muitos anos foram o pulsar da modalidade e proliferavam por todo o País, organizados por pequenos clubes. A eles se deve a paixão de muita gente pelo futsal.
Hoje continuam a decorrer, já sem o fulgor de outrora.
O purismo da modalidade estava estava aqui, onde grupos de jovens se organizavam formando equipas, dividindo despesas de inscrições e equipamentos. Depois foram aparecendo os patrocínios. 
Até ao momento em que a modalidade não se organizou competitivavemente, mais precisamente, até à década de 80 do século passado, serviam para esses grupos de jovens testarem a sua competitividade individual e colectiva, disputando os Torneios com grande fervor e rivalidade.
O perigo estava lá, mas ninguém pensava nisso...de quando em vez, lá acontecia um azar.
Hoje, com a modalidade organizada e com escalões competitivos para todas as idades, quem quer levar a modalidade a sério, não deve entrar neste tipo de Torneios...
Não faz sentido, um jogador federado e que quer levar a modalidade a sério, correr o risco de ter uma lesão grave pondo em risco uma época ou mesmo a sua continuidade na prática da modalidade.
Nestes Torneios não há seguros, nem assistência médica em campo e quando há um azar, paga sempre o mesmo, o jogador...com o corpo e a carteira.
Vem este comentário a propósito e no dia em que tomei conhecimento que Paulo Xavier,  ex.jogador do Dramático de Cascais e com passagem de regresso aos Leões de Porto Salvo, sofreu uma lesão grave (rotura dos ligamentos cruzados num joelho) num desses Torneios.
O Xavier, como o trato, jogador por quem nutro grande carinho e ele sabe disso, durante alguns anos ouviu avisos meus no sentido de não entrar em Torneios de Verão.
Devo dizer que nas equipas onde treinei, sempre proibi a presença de jogadores neste tipo de Torneios, penalizei fortemente alguns e numa equipa, consegui que a Direcção pagasse 12 meses de subsídio para ser imperativo na proibição.
Pergunto eu, quando acontece uma lesão grave, quem vai pagar as despesas hospitalares e de recuperação terapêutica ? O dono da Charcutaria da esquina ? Ou o dono do Café ? Ou o da Discoteca ? Claro que não...sobra para o jogador. Vale apena o risco ?
Se o jogador joga a um nível elevado (como é o caso) e recebe uns "trocos" que até ajudam  no orçamento familiar...quem vai pagar os meses em falta ?
O prejuízo na quase totalidade é do jogador, mas não podemos esquecer o clube, que tem o plantel para a próxima época fechado, conta com o jogador e se vê com um problema.
Acabo, com uma mensagem aos jogadores federados que leem este texto, PENSEM NISTO...

 

quarta-feira, 2 de Abril de 2014


A RENOVAÇÃO DA CÉDULA DE TREINADOR Por Luís Manta

Formação contínua para exercer determinada profissão ou função, obviamente todos concordamos. Quem não é favor da valorização, do conhecimento, do progresso ?

Entendo a formação por duas vias, uma por iniciativa própria, como forma de adquirir mais competência e enriquecimento curricular, promovendo a entrada no mercado de trabalho.
A outra, através da entidade patronal, que promove a formação contínua dos seus funcionários para se valorizarem, serem mais competentes e em última análise o produto final comercializado ter valor acrescentado.
Resumindo, a formação ou é facultativa como forma de valorização pessoal ou imperativa através da entidade patronal.

Chegou-me ao conhecimento que existe uma classe profissional, a dos TOC (Técnicos Oficiais de Contas), que têm de obrigatóriamento de frequentar curso de formação com aproveitamento para verem a sua Cédula Profissional renovada...Não há regra sem excepção e esta é a excepção.
Sinceramente, não estou a ver um Advogado, um Engenheiro, um Médico, um Arquitecto, um Gestor, após finalizarem os seus cursos e respectivos estágios, terem de frequentar periódicamente cursos de formação com aproveitamento, para poderem renovar a sua Cédula Profissional e assim poderem exercer a sua profissão...após o investimento brutal de um curso superior.

Se as classes profissionais têm a respectiva Ordem que rege códigos de conduta de deveres e direitos e, os treinadores de futebol têm a ANTF,  já os treinadores de futsal, não têm nenhuma organização que olhe pelos seus interesses...sim, porque a inclusão dos treinadores de futsal na ANTF foi ao arrepiu de qualquer decisão sua....É altura dos treinadores de futsal se unirem e organizarem, fundando uma organização de classe que os defenda destas atitudes prepotentes...

Exigir que os treinadores de futsal, após a conclusão dos Cursos de Treinador ( em muitos casos, o montante do curso é superior ao valor ganho num mês de trabalho) que deram acesso à obtenção da Cédula para Níveis I, II e III, que eu tenha conhecimento, ainda não houve nenhum curso para aceder ao Nível IV, tenham formação obrigatória para a renovação da "sua" Cédula de Treinador é no mínimo abusador.
Já o facto de ser obrigatório periódicamente ( 5 anos) o pagamento de determinado montante ( Eur 35,0 ) para a renovação da Cédula de Treinador é surrealista...

A formação profissional tornou-se um negócio e dá dinheiro a muita gente e entidades.

A obrigatoriedade de Unidades de Crédito em formação para a renovação da Cédula de Treinador, faz parte do embrulho necessário à manutenção de umas quantas pessoas na estrutura que domina e vive à conta do futsal.
Há um grupo de pessoas (são sempre os mesmos) que domina o futsal, eles estão nos colóquios sobre a modalidade, eles são comentadores, eles pertencem à estrutura da FPF, eles dão formação...a boa parte deles, não lhes reconheço competência !
Voltando às Unidades de Crédito necessárias a todos os treinadores por exigência da FPF, o preço superior a  Eur 800,0 pedidos para inscrição em curso de Nivel I pela AFPorto, dá uma ideia do que para aí vem...
Não me venham com a conversa da carga horária e conteúdos...paguem menos por hora aos mamões que por lá gravitam.
Esta gente está toda doida, têm os bolsos vazios devido à crise e querem enchê-los à custa dos mesmos...  
Condicionar o treinador a determinado escalão de competição, mediante a sua valorização formativa ( Nível ), já é uma forma de penalizar quem não se valoriza...

A UEFA trata e pensa o futebol como se todos os clubes e treinadores fossem profissionais, ignorando inclusivé a realidade de cada País...mais grave é na FPF transportarem para o futsal essas directivas. Só mesmo por desconhecimento da realidade....

ESTA GENTE, NÃO VIVE PARA O FUTSAL, VIVE DO FUTSAL....

segunda-feira, 10 de Fevereiro de 2014


O RESCALDO DO EUROPEU Por Luís Manta

Este Europeu deu para perceber e confirmar uma série de aspectos que estão a ocorrer na modalidade.

Existe uma evolução média qualitativa das selecções e as selecções de topo, baixaram claramente a sua valia.
Na realidade, existem quatro países cujos campeonatos são mais competitivos que os demais, Espanha, Russia, Itália e Portugal, logo, o normal é estes países estarem nas decisões a quatro.
Portanto, tudo normal, só a ordem final é que poderá ser alguma surpresa.
Dentro da ordem natural das coisas, Espanha e Itália trocaram de posições.
Quanto aos aspectos do jogo propriamente ditos, apareceram selecções com boa condição fisica e a utilizar processos simples, que surpreenderam selecções com mais responsabilidades e teóricamente, mais bem preparadas. A Eslovénia, a Croácia, a Roménia...
Até há uns tempos atrás, havia o mito que utilizar o Sistema Ofensivo 3:1 era retrógado, que o mesmo estava ultrapassado, que a evolução do futsal não passava por aí. Nada mais errado.
Esta competição veio demonstrar o contrário e o quanto importante é o jogo de pivot.
Veio também demonstrar que no decorrer dos jogos é importante as equipas adaptarem as suas estratégias às dificuldades postas pelos adversários. Não há sistemas estanques, que resolvem todas as situações.   
Todos os sistemas ofensivos são bons, quando utilizados em tempo oportuno.
A eficácia dos lances de bola parada (cantos e foras) acima da média, foi notória.
Razões. Mérito de quem marca. Falta de concentração de quem defende e mau posicionamento defensivo.
Nos Livres de Canto, apareceram equipas com um posicionamento ofensivo fora do habitual e quem defendia não ajustou o posicionamento defensivo. Mantiveram um posicionamento em Y muito rigido, o que em muitas situações pedia flexibilidade ao posicionamento.

Não gostei da arbitragem, ainda não percebi se havia indicação para deixar jogar, não marcar faltas óbvias, ou foi por incompetência.
Dar a Lei da Vantagem é uma coisa, deixar jogar é outra. O que se viu foi a segunda, onde faltas óbvias não eram marcadas, não sei a titulo de quê. O futsal é um jogo cuja acumulação de faltas é importante no desenrolar do mesmo. As equipas alteram a sua forma de jogar de acordo com o número de faltas que têm. Tem influência quer no aspecto ofensivo quer defensivo do jogo.             Isto é uma modalidade de pavilhão, não é futebol !

Fico à espera que a UEFA das próximas vezes, leve o futsal até à Alemanha, Inglaterra, França..
só assim esta modalidade poderá ser candidata a Jogos Olimpicos. Talvez não interesse...

Chegados à selecção portuguesa, a mim não me defraudou as expectativas, porque em boa hora nunca coloquei a fasquia elevada. Fizémos bons jogos com a Russia e a Itália. A classificação está de acordo com a nossa valia.
Esta selecção está sobrevalorizada por grande parte dos amantes da modalidade. Temos um jogador genial, de excepção, de eleição, mais 2 ou 3 jogadores muito bons, outros tantos bons e o resto...Esta é a realidade.
O seleccionador é uma pessoa séria, competente, que cometeu erros na preparação do europeu e na gestão do plantel no decorrer da competição.
O seleccionador jogou as "fichas" todas neste europeu, ao "pedir" o regresso de Pedro Costa e ao convocar Cardinal, jogador não inscrito oficionalmente em qualquer clube.
Havia concerteza objectivos definidos a alcançar, não sei se foram alcançados, compete à FPF fazer o balanço e avaliação final.
É claro e óbvio que esta selecção precisa de renovação e muitos destes jogadores devem ter feito a última prova internacional ao serviço da selecção.
Que todos tenhamos consciência, que o que aí vem não vai ser bom... adormecemos e vamos continuar a marcar passo.
Promover selecções sub-? é bom, é útil, mas não basta. A solução tem de ser mais abrangente.
O problema é ter QUALIDADE ou não ter. Podem aparecer 4, 5 até 6 jogadores de qualidade seleccionáveis, mas não chega, é preciso que apareçam muitos mais.
Como ? Apostando na formação de qualidade, pensando nos clubes pequenos que são o motor da modalidade.
Os clubes pequenos precisam de ser ajudados na sua organização, na formação de monitores/técnicos, na formação de dirigentes.
Os quadros competitivos dos escalões de formação precisam de ser alterados.
O futsal precisa de ser pensado globalmente e coordenadas as acções, FPF, Associações, ANTF e Arbitragem. A estrutura actual não funciona.  

Termino dizendo que um organismo autónomo da FPF para a gestão do futsal, à semelhança do que se passa em Espanha e Brasil, será a solução.

 

segunda-feira, 13 de Janeiro de 2014


A DINÂMICA DO TREINO Por Luís Manta

Costumamos dizer que se treina como se joga e joga-se como se treina.
A realidade dos clubes no futsal português varia muito, vai desde um microciclo de 1 semana com 2 Unidades de Treino até 10 Unidades de Treino para o mesmo microciclo. Quanto menor nr. de UT, maior a necessidade de rentabilizar/optimizar o tempo de treino.
Independentemente do método de treino utilizado, os aspectos de que vou falar, são transversais a todos eles.
Uma equipa cujas Unidades de Treino ( UT ) têm um reduzido tempo útil de treino, dificilmente serão competitivas.
A dinâmica de uma Unidade de Treino está em grande parte dependente do planeamento atempado da mesma, por parte do treinador.
Uma UT só deve ter os tempos "mortos" previstos no planeamento da mesma, por ex.; para explicar um exercicio; para introduzir a logistica necessária a um exercicio; para recuperação (alongamentos, estiramentos, idratação)...
Numa Unidade de Treino, tudo deve estar relacionado, tudo deve ser sequência e ser consequente.
Nada deve ser avulso, para uma melhor assimilação por parte dos atletas e optimização do tempo de treino.
Por ex. Se treinamos superioridades numéricas de 3x2 ou 2x1, 1º executa-se um exercicio para rotinar os diversos movimentos de ataque e ocupação de espaços (com ou/e sem oposição), seguidamente um exercicio de jogo onde se rotina os movimentos de ataque e as tomadas de decisão.
Outro ex. Se treinamos Sistemas de Jogo Ofensivo, 1º treinamos uma Circulação, com exercicio para rotinar movimentos e ocupação de espaços (com ou/e sem oposição), depois exercicios de passe de roptura para finalização derivados dessa Circulação(com ou/e sem oposição), depois ainda, jogo condicionado ofensivamente à Circulação em causa, que treina tudo o que se pretende ( movimentos, ocupação de espaços e tomadas de decisão). 
E assim sucessivamente, noutros aspectos do treino...
No planeamento da UT o treinador deve ter a preocupação de escolher exercicios que integrem a totalidade dos atletas, como nem sempre isso é possivel, o espaço de tempo de inatividade dos atletas que ficam de fora, deve ser muito curto. Nestes casos, utiliza-se o sistema de rotação de jogadores.
A intensidade e velocidade na execução dos exercicios deve ser gradual e a adequada ao nivel fisico da equipa e momento da época. 
A correcção e a motivação dos jogadores, devem estar sempre presentes na acção do treinador.
A Unidade de Treino, não deve dar espaço a diversão e descontração.
Os 40' de tempo útil de um jogo, exigem concentração total. É impossivel uma equipa que treina desconcentrada, jogar concentrada.  A concentração, também se treina.

Domingo, 5 de Janeiro de 2014


A GESTÃO E CONTROLO DE JOGO Por Luís Manta

Escrevo este artigo, após o visionamento do jogo Sporting C. Portugal - Leões de Porto Salvo.
A vontade de escrever estas linhas já tinha algum tempo e após este jogo, decidi não protelar mais no tempo.
Anteriormente assisti ao Sporting 6 - Rio Ave 6, ao Sporting 7 - Benfica 8 e ontem ao Sporting 6 - Porto Salvo - 5.
Quando se constrói um plantel, a escolha dos jogadores tem vários factores, para além da qualidade técnica e táctica, posição, capacidade fisica e motivacional...vem a experiência.
Existe, normalmente, a preocupação do treinador em construir um plantel equilibrado, constituido por jogadores mais jovens e com menos experiência, em processo de evolução e outros mais maduros, mais tarimbados, que fazem a diferença em determinados jogos, nos momentos mais dificeis...
Isto era para ser assim...mas não tem sido.
O futsal é um jogo com mudanças de velocidade e de ritmo de jogo.  Que não têm o mesmo significado.
Em futsal e na generalidade dos desportos colectivos, as equipas adequam ou deviam adequar as suas estratégias com o decorrer do jogo. 
Num jogo complicado, que caminha para o seu final, em que estamos em vantagem e a vitória está dificil, a equipa, através dos seus jogadores mais experientes tem de assumir as rédeas do jogo e pautar o ritmo do jogo que mais lhe interessa.
É tempo de posse de bola (aumento dos tempos de ataque), definição qualitativa do último passe, apoio constante ao portador da bola, preocupação de fazer bom "passe",  maior sentido colectivo, ocupação racional dos espaços...É preciso saber ler o jogo...Grande parte dos golos que se sofre, não é por defender menos bem, é por atacar mal...
Pergunto, como é que em equipas recheadas de jogadores de reconhecida qualidade, internacionais e com grande experiência, pode acontecer com frequência a perda do controlo do jogo, perante equipas de menor valia ?
Aqui, os treinadores são os menos culpados, é nestes momentos que devia imperar a experiência dos jogadores mais traquejados. Nem o treinador tem de dizer tudo, nem sempre há tempo para fazê-lo, quando se dá por ele, já o mal está feito...
E isto, não tem a haver com a falta de competitividade do campeonato português, tem haver, sim, com a falta de qualidade dos jogadores e globalmente das equipas...
É impensável, a quantidade de erros básicos que os jogadores cometem em equipas profissionais, por ausência dos fundamentos do jogo, sejam gestos técnicos, sejam tácticos por má ocupação de espaços.
Perante esta qualidade apresentada pelas melhores equipas portuguesas, não é tão depressa que voltamos a fazer história na UEFA CUP.
Termino, reconhecendo, que em termos televisivos os jogos foram excelentes, pela emoção e incerteza dos resultados finais, no entanto, não significa que tenhamos assistido a futsal de qualidade, antes pelo contrário.

Sexta-feira, 6 de Dezembro de 2013


MENTALIDADE GANHADORA - Parte II - Por Luis Manta

" A Bola de Saída"
Estamos todos de acordo que uma equipa profissional tendo um número de Unidades de Treino que poderá variar entre as 7 e as 10, tem tempo suficiente para trabalhar todas as situações de jogo técnico ou tácticas.
Já o mesmo não se poderá dizer quanto às equipas amadoras, que variando de um número de Unidades de Treino entre as 2 e as 4, têm de fazer uma gestão optimizada do tempo de modo a que o resultado final seja positivo.
Vem esta conversa a propósito, de me chegar ao conhecimento que há equipas amadoras que treinam a "bola de saída".
Sabendo nós que a bola de saída, só tem lugar no início de cada uma das partes de um jogo de futsal ou quando uma das equipas sofre golo, logo, a atenção a dar a esta situação especifica de jogo terá de ser muito relativa.
Quando um treinador que está limitado na sua acção pelo reduzido tempo de trabalho com a equipa, opta por treinar bola de saída, das duas, uma...ou tem dificuldade em planear/optimizar o seu microciclo de treino ou espera que a equipa sofra muitos golos....
Para além de considerar uma tremenda falta de senso, o que transmite à sua equipa, aos seus jogadores é o inverso de mentalidade ganhadora. Está a dar a indicação que vai ser necessário muitas vezes fazer bola de saída...
A mentalidade ganhadora que se transmite a um grupo de pessoas/jogadores é composta por pequenas coisas e uma equipa amadora treinar bola de saída é precisamente o inverso.

Vale a pena pensar nisto...

 

Mentalidade ganhadora - Part I Por Luís Manta

Tanta vez se fala de ter ou não ter mentalidade ganhadora.
Faz parte das funções do treinador a transmissão de mensagens que motivem e incutam o espirito de ganhar ao jogador e ao colectivo.
Em todos os momentos do treino isso deve estar presente.
Hoje vou falar da situação do GR Avançado.
Ora é um facto que a situação de GR Avançado é em 99% dos casos o último recurso das equipas para obviar a derrota. Excepção neste 1% é o uso para manutenção da posse de bola.
Chega-me ao conhecimento que a preocupação de boa parte dos treinadores é dar prioridade ao treino do ataque na situação de GR Avançado e ir treinando a defesa.
Ora nada mais errado, numa perspectiva de transmissão de atitude ganhadora ao grupo de trabalho.
Então se se utliza a situação de GR Avançado quando estamos em desvantagem, estou a transmitir à equipa que vai estar com frequência em dificuldades, a isto chamo transmissão de atitude depressiva.
Pelo contrário, se der prioridade à defesa, transmite absolutamente o contrário, transmite que a equipa vai estar por cima mais vezes e os adversários vão querer recuperar.
Concluindo, deve-se dar prioridade à defesa e por inerência do treino, treina-se o ataque.
Talvez esteja aqui a resposta ao facto de as equipas portuguesas defenderem mal a situação de GR Avançado.

A mentalidade ganhadora transmite-se através de pequenas coisas no treino e esta é uma delas.

Quinta-feira, 30 de Maio de 2013


AS TRANSMISSÕES DE TV

Acabo de saber que mais um clube vai deixar o futsal por falta de condições financeiras, a saber a Associação Académica de Coimbra e, fico "mal disposto". Porque quem muito trabalhou e deu do seu suor e tempo durante estes anos, não merecia tal desfecho. Quem ama a modalidade.
Que tem isto a haver com as transmissões televisivas ? Já lá chego.
Quem está ligado aos clubes pequenos, sabe que boa parte das receitas se devem à carolice de alguns, à publicidade estática nos Pavilhões e publicidade nos equipamentos. Valores baixos e conseguidos com grande dificuldade, porque face ao contexto económico, já não abundam as empresas que possam investir em publicidade quase sem retorno.
Chegamos às transmissões.
Enquanto as equipas profissionais (Benfica e Sporting), em dado momento, estabelecem contactos de publicidade para fazerem o seu orçamento para a época seguinte, podem objectivamente, aliciar patrocionadores com o argumento que serão transmitidos 20 jogos em canal aberto no decorrer da época, o que significa qualquer coisa como 30 horas de publicidade em televisão.
Sabendo nós o elevado valor da publicidade ao "minuto" na televisão, é oferta que não se deve rejeitar...
Vida facilitada para os dois grandes...
E os clubes pequenos, que são, objectivamente, o sustento do futsal, que podem oferecer ?
Será que é argumento chegar junto de uma empresa e dizer que a publicidade nas camisolas vai passar na TV durante 1 ou 2  jogos na época ?
É, também, por haver esta diferenciação no hora da escolha das transmissões, que hoje acaba a Académica, amanhã acaba outro, no passado acabaram muitos e .... no presente, se fala que as equipas profissionais se vão reforçar com este, aquele e o outro jogador.
Este diferente tratamento dado aos clubes, só cava mais o fosso existente estre os 2 grandes e as restantes.
É verdade que as transmissões divulgam a modalidade, mas no dia em que o Sporting e o Benfica partirem, tudo volta ao antigamente, não há TV e esta gente toda que fala de futsal, deixa de falar, porque gostam é dos seus clubes.
Costumo ouvir dizer que o futsal deve muito à RTP. Atenção a RTP só transmite porque não dá prejuizo e existe Sporting e Benfica, no dia que der prejuizo ou faltarem os grandes, não transmitem, à semelhança do passado.
Portanto, não faz favor nenhum, mais ainda porque se trata de um canal do estado que tem por obrigação a divulgação e promoção das actividades desportivas.
Já agora, é de louvar, sim, o contributo da BolaTV, que sendo uma entidade privada e ao arrepio das audiências, tem a ousadia de transmitir jogos em directo entre clubes ditos pequenos.

TERÇA-FEIRA, 26 DE MARÇO DE 2013


O FUTURO DO PROFISSIONALISMO Por Luís Manta

O contexto económico adverso que se instalou no País desde 2008 já fez algumas vitimas e receio que a breve prazo o profissionalismo seja erradicado do futsal nacional.

Desde 2008 já acabaram ou desinvestiram na modalidade clubes como Freixieiro, Fundação Jorge Antunes, Instituto D.João V, Alpendorada, C.F. "Os Belenenses" e outros.
Grande parte do suporte financeiro dos clubes é ou era feito através de patrocínios de empresas de uma forma directa ou personificada por alguém ligado à Direcção.  
Todos sabemos o quanto está difícil a vida para as empresas no nosso País, sendo que a disponibilidade para o apoio ao desporto e artes, mingua.
Fruto desta alteração de circunstâncias que condiciona o investimento na modalidade, os clubes atravessam momentos difíceis e não sabemos se o pior ainda está para vir.

A saúde financeira dos clubes está e estará sempre relacionada com a economia do País.

Restam 2 clubes a investir forte na modalidade, Sporting Clube de Portugal e Sport Lisboa e Benfica, ambos com o profissionalismo como forma de investimento, na procura de resultados nacionais e internacionais.
Será que o investimento efectuado por ambos os clubes tem  tido o retorno esperado ? Penso que não, salvo a excepção do caso do SLB ter vencido a UEFA Cup, todas as outras conquistas conseguidas a nível nacional por ambos os clubes, poderiam ter sido alcançadas sem o recurso ao profissionalismo, ou seja, sem o brutal investimento realizado ano após ano.

A situação económica que mormente o Sporting C. Portugal atravessa, deixa-me muitas dúvidas quanto à continuidade do profissionalismo na modalidade, é que sejamos realistas, os resultados não justificam tal investimento.  Boa parte dos títulos do clube foram ainda alcançados na era amadora.
Sabemos também, que o Sport Lisboa e Benfica à semelhança de todos os clubes, está a apertar o cinto e a sua SAD a racionalizar os orçamentos.

Tenho para mim, que o profissionalismo nos 2 clubes dependem um do outro, pela rivalidade   e porque existe em ambos, assim que um tomar a decisão de voltar ao amadorismo, não se justifica a manutenção do profissionalismo no outro.

E tal momento, já não estará muito distante...é só uma questão de tempo.

Uma aposta séria e qualitativa na formação é o futuro da modalidade em Portugal, mas ela tem de vir de cima (F.P.F. e Associações), principalmente, é preciso "dar a cana ao clubes para eles pescarem".
Refiro-me ao custo desmesurado da formação para Monitores, ao formato dos Cursos de Treinadores (não estão devidamente formatados para a vertente formação) e à organização das etapas de formação nos clubes. 
Os clubes de menor dimensão, que são o grosso da coluna, precisam de ajuda nestas áreas.

ÉTICA PRECISA-SE Por Luís Manta

Conforme já escrevi, o futsal está a "futebolizar-se". 
Os jogos de bastidores, as jogadas menos claras ou dito de outra forma, a falta de transparência, começam a proliferar no futsal.

Vem isto a propósito da remodelação efectuada na secção de futsal do Sport Lisboa e Benfica.
Já há muito que se falava que esta remodelação ia acontecer, falava-se em nomes e os nomes confirmaram-se. Todo o processo foi evoluindo através do tempo, a situação foi apodrecendo e só estavam à espera da oportunidade.  O pretexto aconteceu.
A mudança, seja ela no decorrer da época ou no seu final, é legitima por parte de quem dirige, o que não me parece ético é a forma, a forma como tudo foi engendrado.  Falta de ética de quem decide e de quem entra.

Há poucos meses, entrara Alípio Matos para a formação, mas já sabia ao que ia e era uma questão de tempo, tudo estava preparado. O regresso, após ter "cuspido no prato em que comeu".
Sai João Pinto de treinador principal do Clube de Futebol "Os Belenenses" há 3 semanas, deixando um projecto a meio e também já sabia o seu destino.
A ambição é um factor importante no sucesso, não pode é ser desmedida e conseguida através do atropelamento de outros.  
O cinismo entre pessoas da mesma profissão é mau.
Por muitas razões de queixa que haja de alguém ou de alguma estrutura, a sua substituição deve ser feita de forma elevada e transparente.   Neste caso, aplica-se a estória do "corno", foram os últimos a saber.

Quem sai, cavou a sua sepultura, mas deve ser reconhecido o trabalho efectuado ao longo destes anos por estas pessoas.  Mereciam sair de outra forma, sair de uma forma transparente, digna e reconhecida. Dirão uns, morreram com o mesmo veneno com que mataram, é verdade, mas não se corrige um erro com outro erro. 
Quem com ferro mata, com ferro morre, não deveria ser lema de gestão em parte alguma.

As pessoas não podem fazer do futsal um jogo de interesses, de coisas obscuras, pouco claras, feitas nas costas de uns para beneficiar outros, de ajuste de contas. Estão a transformar o futsal numa selva.

Há valores que devem ser transmitidos aos jovens treinadores, um deles é a ética, o saber estar, o saber esperar pela sua oportunidade sem atropelar outrem.

QUINTA-FEIRA, 7 DE MARÇO DE 2013

OS PROCESSOS DISCIPLINARES AO SLB E RICARDINHO

Acabei de tomar conhecimento que o Concelho de Disciplina da FPF levantou processos disciplinares ao Sport Lisboa e Benfica e ao jogador Ricardo Filipe Silva Duarte Braga (Ricardinho) que reportam a um jogo do play off da época transacta.


Passados tantos meses, a minha memória já não é jovem, mas não me recordo de nada tão grave e extraordinário que possa ter acontecido no decorrer do jogo, que levasse tantos meses a decidir abrir os processos disciplinares.

Passou-se algo assim tão grave que justifique o abrir dos inquéritos após tanto tempo e nesta altura do Campeonato ? Era no momento, agora é que não.Será que o processo não poderia ser arquivado ? Assim mandava o bom senso.


Estamos próximo do final da fase regular, vêm aí os Play Off, qual a necessidade de criar confusão no futsal ?Quem decide não tem a noção da realidade do nosso Campeonato ? Que é disputado verdadeiramente por dois clubes e que esta decisão na altura em que vem pode vir a prejudicar objectivamente um deles, mais concretamente o S.L.Benfica. 
Fica sempre a suspeição de quererem prejudicar uma das partes em favor de outrem. Alguém se põe a jeito. 

O jogador, felizmente para ele, está fora deste campeonato e pouco prejuízo lhe traz qualquer castigo. 


Porque demorou tanto tempo a abrirem os processos ? Como de costume na F.P.F. o futsal fica para último, será que o processo ficou esquecido na gaveta ou  andou de reunião em reunião e os senhores Drs, nunca tiveram tempo para o apreciar e agora deu nisto.
À FPF já não basta minar o futebol , agora também quer minar o futsal com as suas decisões extemporâneas e equivocas ? 


Pede-se transparência e respeito pelo futsal.


Não "futebolizem" o futsal, deixem a modalidade em paz, transportem os bons exemplos que o futebol tem e não isto, que é do pior.


É por estas e por outras, que sou a favor de um organismo que tutele o futsal autonomamente à FPF, à semelhança do que se passa em Espanha.   

QUARTA-FEIRA, 27 DE FEVEREIRO DE 2013

OS MIÚDOS DO FREIXIEIRO Por Luís Manta

Confesso que ao assistir aos jogos destes miúdos do Freixieiro, me emociono.
Porquê ? Porque esta equipa espelha o trabalho árduo, insistente, competente e todos os adjectivos serão poucos para qualificar a aposta deste clube na formação de jovens que gostam de praticar futsal.

Estou a falar de um pequeno "grande" clube de Perafita que está desde o início na modalidade, que é uma das grandes referências colectivas da modalidade em Portugal e sempre apostou na formação.

Que me desculpem se as minhas emoções pendem para valorizar em demasia o evidente, mas não me parece.

Sou do tempo, em finais dos anos 80, em que o patriarca Brito, liderava este clube com grande entusiasmo e já elevava o clube Freixieiro bem alto na modalidade, então, futebol de salão, mas não interessa para o caso.
Quis o infortúnio que cedo o patriarca deixasse a nossa companhia, mas, felizmente deixou boa semente, os irmãos Brito tomaram o rumo ao clube e continuaram essa obra que tornou o clube Freixieiro um dos baluartes do futsal em Portugal.

A aposta da formação vem de longe, mesmo quando o clube trilhava o caminho do profissionalismo, que de resto lhe deu um título Nacional, a aposta na formação estava lá. Aí falava bem alto um Senhor do futsal mundial chamado Zego que coordenava a formação.

A formação no Freixieiro não é recente e por falta de meios financeiros, a formação no Freixieiro pertence à sua génese no futsal.

O Freixieiro é um clube ganhador na formação.

Jogadores como Ricardo Fernandes, Paulinho, Márcio, Tiago Brito, André Gaspar e outros oriundos da formação do clube, são o reflexo de uma aposta ganha do clube.

Não será caso único, mas infelizmente, não há muitos. 

Acabo dizendo, que se em Portugal a bitola na formação fosse o clube Freixieiro, seguramente a nossa selecção já tinha um ou mais títulos.

 

O SISTEMA DE JOGO 4:0 Por Luís Manta


Começo por dizer que o Sistema de Jogo Ofensivo 4:0 foi criado por um grande senhor do futsal mundial chamado Zego, brasileiro de nacionalidade. Zego fez escola em Portugal no Miramar e no Freixieiro a trabalhar a formação.

O Sistema de Jogo Ofensivo caracteriza-se por trabalhar o ataque planeado (fase de construção) com grande dinâmica, com quatro jogadores atrás da linha da bola no momento do passe, salvo, no momento de executar os deslocamentos (movimentos e entradas) e o passe de roptura para finalização (fase de finalização).

Em Portugal só houve uma equipa a trabalhar o 4:0 com grande qualidade e rigor que foi o Miramar em meados da década de 90, onde o treinador era o Jorge Ferreira coadjuvado por Luís Almeida e então pontificavam os jogadores França, Ivan, André Lima, Miguel Mota, João Leite, João Lopes,Pedro Ferreira,Raul Castro e outros jogadores de grande qualidade.  Tudo o que veio a seguir foram imitações baratas.
Esta equipa de então, assumiu este Sistema de Jogo com tanta personalidade que o mesmo se confundia com o Modelo de Jogo.
Reconheço que se tornava algo repetitivo e que para defrontar equipas que não davam as costas ou seja que jogavam com uma Linha de Marcação muito recuada, sentia dificuldades. Mas eu gostava de ver.
Para os mais jovens aderentes ao futsal que não puderam assistir, direi que era uma espécie de Barcelona em futebol.

Faço este artigo de opinião, por com grande frequência ouvir agentes do futsal dizerem que a sua equipa ou outras, jogam no sistema 4:0.  Ora tal não é verdade, ou por outra, não é exacto.

Ora o que acontece é que as equipas, grande parte das vezes o que executam é um sistema híbrido entre o 4:0, o 2:2 e o Padrão Redondo, com muitos apoios "entre linhas". Resta saber se é por deficiente execução do Sistema 4:0 ou por opção.
Eu não digo que está errado e que não concordo com esta maneira de jogar, antes pelo contrário, acho que é diversa e com muitas opções ofensivas, só peço é que não chamem 4:0, não só porque não é verdade, como também é adulterar algo que não deve ser adulterado.  Chamemos-lhe Sistema Diverso ou algo parecido.

Acabo dizendo que não conheço nenhuma equipa de futsal em Portugal na 1ª Divisão, que nos últimos anos tenha assumido o Sistema de Jogo 4:0 como sua referência de jogo ofensivo.

 

Segunda-feira, 11 de Fevereiro de 2013


O MODELO DE JOGO Por Luís Manta

Todos nós treinadores temos uma ideia de jogo a implantar na nossa equipa.
A essa ideia de jogo uns chamam Modelo de Jogo, outros Padrão de Jogo, outros simplesmente Ideia de Jogo, ainda Matriz de Jogo e, outros nomes há para definir a mesma coisa.
De referir que, erradamente, nos referimos a Modelo de Jogo como se só existisse no aspecto ofensivo.

Modelo de Jogo não é o mesmo que Sistema de Jogo.
Pelo facto de uma equipa ter rotinas de jogar ofensivamente no Sistema  3x1 (exemplo),  isso por si só, não chega para caracterizar, ou identificar o Modelo de Jogo Ofensivo da equipa, poderá ser um dos aspectos, mas não é só.  

O Modelo de Jogo não é mais que um conjunto de conhecimentos sistematizado teórico-práticos que apontam para uma ideia de jogo pensada.

Modelo de Jogo é uma ajuda importante na identidade da equipa.

Consegue-se adquirir um Modelo de Jogo através da assimilação no plano teórico por parte dos jogadores dos objectivos pretendidos e repetições em treino de exercícios, concebidos e adequados a essa mesma ideia de jogo pensada.    É isso que vai caracterizar a equipa.

Acontece que no decorrer de uma época desportiva, equipas há, que não conseguem apresentar um Modelo de Jogo sustentado, bem identificado, é aquilo que chamo equipas amorfas, sem identidade.

Direi que para caracterizar um Modelo de Jogo Ofensivo deve-se ter em atenção, os tempos de ataque (curtos ou prolongados, mais ou menos "posse de bola"), as zonas de ataque que privilegia (corredor central ou laterais, joga preferencialmente em 3x1 ou 2x2 etc.), e a intensidade (agressividade e dinâmica de deslocamentos).
Quanto ao Modelo de Jogo Defensivo, será basicamente a intensidade (agressividade e dinâmica de deslocamentos) e o tipo de marcação (Sistema defensivo).

Exemplo de Modelo de Jogo Ofensivo de uma equipa ; A equipa privilegia a posse de bola com boa dinâmica, com apoios entre-linhas, dando profundidade ao jogo através de acções ofensivas para finalização pelo jogo exterior.
Exemplo de Modelo de Jogo Defensivo de uma equipa : A equipa mostra grande agressividade na recuperação da posse de bola e defende HxH em pressão alta.

O Modelo de Jogo a implantar numa equipa deve ter sempre em consideração as capacidades físicas, técnico-tácticas e psicológicas dos executantes.

Segunda-feira,11 de Fevereiro de 2013

A CONFUSÃO DAS LINHAS Por Luís Manta

Quando se fala de futsal no plano táctico, com frequência temos que nos referir a "linhas". Esta expressão é muito utilizada em comentários televisivos.
Acontece que por parte dos receptores da mensagem, tenho-me apercebido de alguma "confusão" no que respeita às "linhas". Por exemplo, quando nos referimos só a "1ª linha", é passivel de alguma confusão, pois há dois tipos de "linhas".
Este assunto merece que lhe dedique alguma atenção.

Primeiro há que lembrar a definição de ambos os tipos de "linhas".

LINHAS DE MARCAÇÃO – Pode-se considerar uma linha imaginária paralela à linha de baliza a partir da qual a equipa que defende pressiona o portador da bola. A localização da linha está previamente definida. O seu Nº é indefinido, são quantas as linhas que o treinador entender.

Linha 1 – Será uma linha imaginária paralela à linha de baliza que passa na marca dos 10 M no meio campo adversário. Apropriado a uma defesa de pressão alta.

Linha 2 – Uma linha imaginária tangente ao circulo central ainda no meio campo adversário e paralela à linha de baliza.
Apropriado a uma postura de observação e estudo da equipa adversária.

Linha 3 – Uma linha imaginária paralela à linha de baliza que passa na marca dos 10 M no meio campo defensivo. Apropriado a uma postura de espera, apostando em acções ofensivas de transição.

O Nº de "Linhas de Marcação" e sua localização são do critério do treinador. Eu tenho a minha opinião.




 


LINHAS DEFENSIVAS – São linhas imaginárias paralelas à linha de baliza, definidas pelo posicionamento dos jogadores dentro de um sistema defensivo.



Linhas Defensivas de defesa em 1:2:1  (Defende a equipa de azul)

Verifica-se que de acordo com o posicionamento da equipa, temos três linhas defensivas, a 1ª do jogador mais adiantado e próximo do portador da bola, asegunda dos dois jogadores mais atrasados que fazem a cobertura densiva e a terceira, do último jogador (fixo) que faz marcação ao pivot.



Linhas Defensivas de defesa em Quadrado (Defende a equipa de azul)

Verifica-se que de acordo com o posicionamento da equipa, temos duas linhas defensivas, a 1ª com os dois jogadores mais adiantados e a 2ª dos jogadores mais atrasados que fazem a cobertura defensiva.


Posto isto, verifica-se que as Linhas de Marcação são fixas, são previamente definidas pelo treinador quanto ao seu Nº e sua localização.

Já as Linhas Defensivas são móveis, dependem da dinâmica do jogo e do Sistema Defensivo utilizado pela equipa.
A 1ª Linha Defensiva de uma equipa, por vezes, coincide com uma Linha de Marcação.   

Quando se fala em "entre linhas", falamos em Linhas Defensivas, normalmente linhas adversárias.

Se falamos em "1ª linha", há que definir a que tipo de linhas nos estamos a referir, porque há "1ª linha defensiva" e "1ª linha de marcação".



QUARTA-FEIRA, 6 DE FEVEREIRO DE 2013


O SPORTING NO FEMININO Por Luís Manta

O Sporting Clube de Portugal, quer se goste ou não, é uma das grandes referências da modalidade em Portugal.  
Faz parte de um pequeno lote de clubes que tem resistido de pedra e cal a diversas crises.  Lembro que o S.C.P. está desde o inicio na modalidade.

Recordando nós, que nas últimas épocas temos assistido ao esboroar de clubes que ganharam, por mérito próprio, um espaço de referência na modalidade, é de louvar a iniciativa do Sporting Clube de Portugal em apostar no futsal feminino. Não desinveste, antes pelo contrário, investe.

O futsal feminino bem precisa deste "empurrão". 

Se o futsal ", foi durante tantos anos, o "parente pobre" do futebol junto da F.P.F.( reconheça-se que com esta nova Direcção da F.P.F. está a ter o impulso há muito desejado), dentro da organização do Futsal a vertente feminina, ainda mais razões de queixa tem.

Todas as iniciativas que visem o desenvolvimento e divulgação do futsal feminino são bem vindas e esta do S.C.P. é uma delas.
Só o facto de ser noticia nos media, já é relevante. Será que se fosse um outro qualquer clube, sem a dimensão do S.C.P. teria o mesmo tratamento da comunicação social ? Não, claro que não, razão pela qual é muito importante para o futsal feminino a adesão do Sporting C. Portugal.

O futsal feminino precisa de exposição mediática de modo a ganhar mais simpatizantes e por via disso, mais praticantes. Precisa de ganhar dimensão.

Sobre o facto da Coordenadora/Treinadora ter sido "roubada" ao rival Sport Lisboa e Benfica, é o menos importante.  Sou de opinião que tudo podia e era desejável que fosse feito de forma transparente e não foi.
Aliás este "roubo" tem um efeito positivo, fez com que a escolha do SLB recaísse em Alípio Matos, um treinador competente e prestigiado, sem dúvida, uma mais valia para o futsal feminino.

Acabo estas linhas dizendo que sou um recém aderente ao futsal feminino (desde 2010 através da minha passagem pelo S.L.B.) e recomendo vivamente que as pessoas se deixem de preconceitos e adiram.    

   QUINTA-FEIRA, 24 DE JANEIRO DE 2013


FORMAÇÃO II Por Luís Manta

Depois de ter dedicado um artigo à dificuldade que os Treinadores / Monitores ligados à Formação têm em ser credenciados para o efeito, hoje dedicarei estas linhas a fazer um esboço daquilo que entendo ser um Organograma simples e hábitos de trabalho, para um clube que tenha todos os escalões de formação.

Deverão os escalões de formação ter o mesmo padrão de jogo da equipa sénior ? Não, penso que não.
Os atletas Sub 19 que sobem a seniores, devem dominar todos os aspectos do jogo, quer técnicos quer tácticos, de modo a estarem preparados para qualquer solicitação.
Deve, isso sim, haver uma interligação muito estreita entre a equipa Sub 19 e a equipa sénior, mesmo ao nível do treino, para facilitar a adaptação.

1º Há que definir objectivos por parte do clube. Se é só formar ou se é formar e ganhar.  A diferença está essencialmente na atitude a transmitir aos atletas e nas etapas de aprendizagem em cada escalão.
Poderá haver acompanhamento escolar.

Definidos objectivos e transmitidos ao Coordenador Técnico da Formação, passamos ao Organograma muito simples:

- Director Desportivo / Seccionista
- Coordenador Técnico da Formação
- Treinadores /Monitores dos escalões

Competências do Director Desportivo / Seccionista :

- Responsável pela parte administrativa e logística de tudo ligado à Formação.
- Responsável por promover reuniões periódicas de avaliação do desempenho com o Coordenador Técnico.

Competências do Coordenador Técnico :

- Responsável pela coordenação técnica de todos os escalões de formação.
- Responsável pela decisão de quais os atletas que sobem de escalão de competição no final de época.  Decisão tomada após reunião com Treinador / Monitor do escalão actual e Treinador / Monitor do escalão imediato.
- Promover formação interna aos Treinadores / Monitores.
- Definir objectivos formativos e desportivos em conjunto com cada Treinador / Monitor.
- Acompanhar treinos e promover reuniões de trabalho de carácter periódico com os Treinadores / Monitores para entre outras coisas, fazer avaliação da execução dos objectivos.
.
Competências do Treinador / Monitor :

- Formar os atletas na iniciação desportiva à prática do futsal de acordo com os objectivos previamente definidos com o Coordenador Técnico.
Exemplo de objectivos:  Escolinhas - No final da época deverão os garotos estar habituados a recepcionar a bola com a sola do pé e transportar a bola, também, com a sola do pé.
Sub 11 - No final da época deverão os atletas dominar os fundamentos técnicos individuais e incluindo recepções direccionadas com a sola do pé.
Sub 13 - No final da época deverão os atletas dominar os fundamentos defensivos do jogo (individuais e colectivos).
Sub 15 - No final da época deverão os atletas dominar os fundamentos ofensivos do jogo (individuais e colectivos).
Sub 17 - No final da época deverão os atletas dominar todos os aspectos defensivos e ofensivos do jogo.
Sub 19 - Dominando os atletas todos os aspectos do jogo e sendo a ante-câmara da equipa sénior, deve o Treinador ter uma estreita ligação ao Treinador da equipa sénior, de modo, inclusive, a que o planeamento de treinos seja aproximado.   
- Planear atempadamente os treinos, preenchendo a respectiva folha de planeamento de treinos.
- Incutir responsabilidade e bons hábitos de treino aos atletas (de pequenino é que se torce o pepino).
- Reunir periodicamente com o Coordenador Técnico, para fazer ponto de situação da execução dos objectivos.

Além de tudo isto é importante instituir uma cultura de exigência, que abranja desde o Director ao atleta mais novo, havendo como é óbvio, a capacidade de discernir entre o que é exigível a uma criança de 10 anos ao jovem de 18 anos. 

Este Organograma, sem muito detalhe, poderá ser uma base de trabalho que qualquer clube poderá executar, independentemente da sua grandeza.


SEXTA-FEIRA, 18 DE JANEIRO DE 2013




TOMADA DE DECISÃO   Por Luís Manta

Tomada de Decisão no futsal é um assunto que está em moda, ora é tema de Clinic's , ora é Tese académica ou assunto de discussão.
Tomada de Decisão não é mais que uma nova roupagem da expressão que se utiliza há muitos anos no futsal quando se diz que determinado jogador "jogou bem" ou "jogou mal" em determinada acção do jogo.
A Tomada de Decisão interfere com quase tudo o que se faz em futsal.
Treinamos para decidir melhor. O treino condiciona a tomada de decisão em determinado sentido.
Os sistemas de jogo, defensivos ou ofensivos, condicionam a tomada de decisão.
O modelo de jogo da equipa, condiciona a Tomada de Decisão.
Um jogador que é bom tácticamente, é um jogador que tem boas Tomadas de Decisão no plano táctico e de acordo com o que treina.
Um jogador indisciplinado tácticamente, é um jogador que não toma as melhores decisões dentro do modelo treinado.
Um jogador criativo, é um jogador cujas Tomadas de Decisão na sua maioria, fogem ao estabelecido. Umas vezes são boas, outras não.
A Tomada de Decisão está intrinsecamente ligada à qualidade do jogador, é melhor ou pior de acordo com as suas tomadas de decisão.
O treino da Tomada de Decisão é diário, diria, é constante. Quanto mais e melhor se treinar, melhores são as Tomadas de Decisão.
Treino especifico para a Tomada de Decisão não existe, é uma aberração.  O treino da Tomada de Decisão é quotidiano e está integrado em todos os exercícios.

Descompliquem. Não compliquem o que é simples.

O estudo da Tomada de Decisão no futsal, será importante no plano académico, no que respeita ao jogo não trás nada de novo. A Tomada de Decisão é o nosso dia a dia.

SÁBADO, 12 DE JANEIRO DE 2013

FISGAS CONTRA CANHÕES Por Luís Manta

A época que o Sporting Clube de Portugal está a fazer, é sem dúvida uma boa época e por mérito acima de tudo do Nuno Dias que veio dar uma nova dinâmica à equipa, no entanto, está a fazer aquilo a que está obrigada.
Aos dois clubes verdadeiramente profissionais que disputam o nosso campeonato, é isto que se pede, uma superioridade clara sobre os seus adversários.
Ambas as equipas têm os melhores jogadores, núcleo base da selecção nacional e estrangeiros de reconhecido valor e já adaptados ao Pais. 
A ambas as equipas em termos logísticos não lhes falta nada.
Ambas as equipas se deslocam bem acomodadas e se a deslocação é superior a 200 Km vão de véspera e ficam bem alojadas.
Ambas as equipas fazem concentrações e mini-estágios com frequência. Por exemplo sempre que jogam entre si fazem concentram em hotel na véspera.
Ambas as equipas têm a possibilidade de realizar micro-ciclos de uma semana com 8 a 10 Unidades de Treino.  
E que temos do outro lado ? Dos seus adversários.
Dois tipos de equipas, as semi-profissionais ou nem isso e as puramente amadoras.
As semi-profissionais, caracterizam-se basicamente por uma mescla de jogadores amadores e profissionais, onde os clubes não têm condições estruturais para aplicar um projecto profissional. São poucas.
Este tipo de equipas, mais cedo do que tarde, acabam por abortar, porque o investimento não traz retorno absolutamente algum.
As puramente amadoras, são carentes de quase tudo, só não falta a boa vontade e a dedicação.              São o grosso da coluna no nosso campeonato.  
Os jogadores trabalham ou estudam de dia e treinam à noite. Normalmente no máximo têm 4 Unidades de Treino semanais.
Muitas vezes as condições logísticas para o treino não são as melhores.
As deslocações são feitas no próprio dia do jogo em autocarro, carrinha  ou em carros particulares.
Não há concentrações nem mini-estágios. 

As pessoas têm a noção do que é uma equipa profissional que tem os melhores jogadores trabalhar mais entre 8 a 10 horas semanais ou se quiserem, entre 30 a 40 horas mensais, relativamente a equipas puramente amadoras ?
As equipas profissionais não têm sempre de ganhar por 10-0, mas têm a obrigação de ganhar de forma clara e com qualidade, senão, algo está mal.
Nas últimas épocas tem sido arrepiante ver as sistemáticas dificuldades das equipas profissionais a quem nada lhes falta, em ganhar a equipas puramente amadoras.
A isto, chama-se INCOMPETÊNCIA.
Ao confronto entre as equipas profissionais e as outras equipas, podemos definir como uma luta entre Canhões e Fisgas.



QUARTA-FEIRA, 9 DE JANEIRO DE 2013


A FORMAÇÃO Por Luís Manta

À formação do futsal em Portugal, na sua generalidade, há excepções, costumo chamar ATL, vulgo, Actividades de Tempos Livres.
Porquê ? Porque quase todos os clubes se debatem com dificuldades financeiras e em face de orçamentos muito reduzidos, acabam por deitar mão à prata da casa e muito bem, digo eu.
Quando se trata de escolher um treinador para as suas equipas de formação, sejam Escolinhas, Sub-11, Sub-13... A opção normalmente recai em alguém muito ligado ao clube, que gosta muito de futsal, tem disponibilidade e tem carta de condução (para poder conduzir a carrinha do clube ou o carro particular e levar a garotada a casa).
Até aqui tudo bem, mas será que a pessoa está habilitada para desenvolver um trabalho de qualidade de iniciação à prática da modalidade ? Aqui é que a porca torce o rabo, normalmente não.
Perguntam os leitores, então vão os clubes esbanjar um património tão grande de dedicação à causa e à modalidade ? Claro que não, antes pelo contrário, estas pessoas devem ser acarinhadas, incentivadas e devem-lhes ser propiciadas condições para formação especifica.
Ora aqui está um problema que tanto a pessoa como o clube, têm dificuldade em ultrapassar, a opção será a inscrição num Curso para Treinadores de Nível 1 que custa, pasme-se, na casa dos EUR 500,00 ou continuar a ser autodidacta. Estamos a falar de algo mais caro que o ordenado mínimo.
Nos tempos que correm, qualquer pessoa que despenda EUR 500,00 do seu orçamento familiar, vai fazer mossa no final do mês, se não estiver desempregado, desempregado então...nem pensar.
Se for o clube a pagar, então aí serão EUR 500,00 x quantos treinadores de formação, também pouco exequível.
Numa modalidade que se quer desenvolver com qualidade, pedir EUR 500,00 para a frequência de um Curso de Nível 1, que se destina basicamente a escalões de formação, é um ABSURDO.
Infelizmente, há gente que vive do futsal e não para o futsal e, se governa com esta história dos cursos de formação de treinadores de futsal.
É altura da FPF e a ANTF se entenderem e porem cobro a isto, a bem do desenvolvimento da modalidade, os cursos destinados a treinadores de formação, deveriam ser tendencialmente gratuitos.

TERÇA-FEIRA, 8 DE JANEIRO  DE 2013

E DEPOIS ? Por Luís Manta

E depois ? Qual a solução para quando acabar o futsal profissional para um grupo de jovens praticantes que negligenciou a sua formação e sem nenhuma experiência de emprego, salvo o futsal, vai procurar o 1º emprego na casa dos trinta anos ?
O futsal profissional em Portugal é raquítico, está confinado na verdadeira concepção do profissionalismo a dois clubes. Esta questão faz derivar para um grande problema de competitividade do futsal em Portugal, assunto que abordarei noutro artigo de opinião.
Estes dois clubes, não assentando a sua filosofia de construção de plantéis em jogadores portugueses, mais condicionam as opções dos jogadores entretanto "descartados" ou em "ascensão".
Depois há uns quantos clubes semi-profissionais (costumo chamar profissionalismo envergonhado), poucos, onde, pasme-se, há jogadores que ganham como isso, mas os clubes não têm estruturas capazes de pôr em execução um projecto profissional. Ou lhes faltam condições logísticas e financeiras, ou só uma parte dos jogadores são profissionais ou ainda, ambas.
Para esta geração de jogadores tem existido um escape que é a emigração (como aconselha o nosso PM), onde ainda vai havendo mercado para absorver alguns jogadores e protelando a chegada ao mercado de trabalho.
No futebol ainda vai existindo uma almofada no final da carreira dos jogadores que vai absorvendo alguns, poucos, que é iniciarem a carreira de treinadores profissionais ou dirigentes profissionais, mas no futsal nem isso, pelos motivos atrás expostos.
Com os montantes pagos aos profissionais de futsal, não me parece que sobre valor significativo para amealhar e conseguir um pé-de-meia que no futuro dê para garantir um nível de vida digno para si e para os seus.
Pelo que conheço, haverá duas, três, honrosas excepções de jogadores que poderão ter um futuro mais risonho, fruto da sua gestão de carreira e honorários recebidos significativamente acima do normal. Mas são   a excepção há regra, felizmente para eles e para os seus.        
E chegados aos trinta anos e mais, no momento actual em que atravessa o País com o desemprego a subir de forma galopante, sem alguma experiência profissional fora do futsal, sem competências entretanto adquiridas que possam suavizar a entrada no mercado, como vão estes jovens sobreviver ?
Vale a pena pensar nisto !

Domingo, 6 de Janeiro de 2013


PORQUÊ A DIFERENÇA ? Por Luís Manta

No épico jogo das meias finais entre as selecções femininas de futsal Potugal-Espanha, aquando do recente Torneio em Oliveira de Azeméis (não menciono propositadamente Campeonato do Mundo), passou-se algo que dá que pensar !  Se o jogo fosse entre selecções masculinas e após o tempo regulamentar houvesse um empate como houve, seguia-se um prolongamento de 5' para cada lado e se o empate se mantivesse, então sim, procedia-se ao desempate por marcação de grandes penalidades.
Porquê a diferença ?
Será que fisicamente as jogadoras são menos dotadas e não aguentavam tal esforço ? Claramente que não. Puro preconceito, inaceitável.
Se hipotéticamente, não sei, as regras da FIFA assim o definem, não sendo oTorneio homologado pela dita, mais uma razão para se ter implementado as Leis do jogo iguais para todos os géneros.
Reconheço o esforço da actual direcção da FPF no sentido do desenvolvimento e evolução do futsal, quer masculino ou feminino, no entanto, perdemos uma boa oportunidade de afrontar o poder instituido em prol do futsal feminino.    
Igualdade precisa-se.

Sábado, 5 de Janeiro de 2013


EVITAR O RETROCESSO por Luís Manta

A Associação de Futebol de Lisboa como organizadora das provas distritais de futsal feminino deve pugnar pelo seu desenvolvimento e não pelo seu retrocesso, senão uma das funções que está na sua génese fica inquinada ( promover a prática e o desenvolvimento do futebol, futsal, futebol de sete). 
Escrevo estas linhas a propósito de quê ?
A propósito da falta de "Juiz de Mesa" e suas implicações no decorrer dos jogos, com o pretexto que a mingua de orçamento para a organização das provas, não comporta o pagamento de honorários aos "juizes de mesa" (devem ser uma fortuna).
Uma prova que em anos transactos decorreu de acordo com todas as regras de futsal, refiro-me ao Campeonato Distrital de Futsal de Lisboa em séniores femininos, não faz sentido regredir no tempo e ser jogada, sem ser cronómetrada e o tempo de jogo, bem como o nº de faltas de cada equipa, não sejam do conhecimento público. Isto é um factor de retrocesso na evolução do futsal feminino.
Saiem prejudicados os intervenientes, o público e por consequência o futsal.
Para problemas, por muito dificeis que pareçam ser, devem-se arranjar soluções, não se pode optar pela opção mais fácil sem esgotar todas as possibilidades.
Não critico de forma fácil, vou deixar uma solução simples e exequivel.
Proponho que sejam promovidas acções de formação para "Juizes de Mesa", coisa simples, que não se prolonga por mais de uma manhã ou tarde, destinadas a pessoas indicadas pelos clubes, sendo que cada clube deverá indigitar duas pessoas para o efeito. Assim no inicio de época, seria obrigatório, cada clube ter duas pessoas credenciadas como "Juizes de Mesa" para acompanharem as equipas de arbitragem nos jogos em casa.
Aqui vos deixo o meu contributo.



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