segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

O RESCALDO DO EUROPEU Por Luís Manta

Este Europeu deu para perceber e confirmar uma série de aspectos que estão a ocorrer na modalidade.

Existe uma evolução média qualitativa das selecções e as selecções de topo, baixaram claramente a sua valia.
Na realidade, existem quatro países cujos campeonatos são mais competitivos que os demais, Espanha, Russia, Itália e Portugal, logo, o normal é estes países estarem nas decisões a quatro.
Portanto, tudo normal, só a ordem final é que poderá ser alguma surpresa.
Dentro da ordem natural das coisas, Espanha e Itália trocaram de posições.
Quanto aos aspectos do jogo propriamente ditos, apareceram selecções com boa condição fisica e a utilizar processos simples, que surpreenderam selecções com mais responsabilidades e teóricamente, mais bem preparadas. A Eslovénia, a Croácia, a Roménia...
Até há uns tempos atrás, havia o mito que utilizar o Sistema Ofensivo 3:1 era retrógado, que o mesmo estava ultrapassado, que a evolução do futsal não passava por aí. Nada mais errado.
Esta competição veio demonstrar o contrário e o quanto importante é o jogo de pivot.
Veio também demonstrar que no decorrer dos jogos é importante as equipas adaptarem as suas estratégias às dificuldades postas pelos adversários. Não há sistemas estanques, que resolvem todas as situações.   
Todos os sistemas ofensivos são bons, quando utilizados em tempo oportuno.
A eficácia dos lances de bola parada (cantos e foras) acima da média, foi notória.
Razões. Mérito de quem marca. Falta de concentração de quem defende e mau posicionamento defensivo.
Nos Livres de Canto, apareceram equipas com um posicionamento ofensivo fora do habitual e quem defendia não ajustou o posicionamento defensivo. Mantiveram um posicionamento em Y muito rigido, o que em muitas situações pedia flexibilidade ao posicionamento.

Não gostei da arbitragem, ainda não percebi se havia indicação para deixar jogar, não marcar faltas óbvias, ou foi por incompetência.
Dar a Lei da Vantagem é uma coisa, deixar jogar é outra. O que se viu foi a segunda, onde faltas óbvias não eram marcadas, não sei a titulo de quê. O futsal é um jogo cuja acumulação de faltas é importante no desenrolar do mesmo. As equipas alteram a sua forma de jogar de acordo com o número de faltas que têm. Tem influência quer no aspecto ofensivo quer defensivo do jogo.             Isto é uma modalidade de pavilhão, não é futebol !

Fico à espera que a UEFA das próximas vezes, leve o futsal até à Alemanha, Inglaterra, França..
só assim esta modalidade poderá ser candidata a Jogos Olimpicos. Talvez não interesse...

Chegados à selecção portuguesa, a mim não me defraudou as expectativas, porque em boa hora nunca coloquei a fasquia elevada. Fizémos bons jogos com a Russia e a Itália. A classificação está de acordo com a nossa valia.
Esta selecção está sobrevalorizada por grande parte dos amantes da modalidade. Temos um jogador genial, de excepção, de eleição, mais 2 ou 3 jogadores muito bons, outros tantos bons e o resto...Esta é a realidade.
O seleccionador é uma pessoa séria, competente, que cometeu erros na preparação do europeu e na gestão do plantel no decorrer da competição.
O seleccionador jogou as "fichas" todas neste europeu, ao "pedir" o regresso de Pedro Costa e ao convocar Cardinal, jogador não inscrito oficionalmente em qualquer clube.
Havia concerteza objectivos definidos a alcançar, não sei se foram alcançados, compete à FPF fazer o balanço e avaliação final.
É claro e óbvio que esta selecção precisa de renovação e muitos destes jogadores devem ter feito a última prova internacional ao serviço da selecção.
Que todos tenhamos consciência, que o que aí vem não vai ser bom... adormecemos e vamos continuar a marcar passo.
Promover selecções sub-? é bom, é útil, mas não basta. A solução tem de ser mais abrangente.
O problema é ter QUALIDADE ou não ter. Podem aparecer 4, 5 até 6 jogadores de qualidade seleccionáveis, mas não chega, é preciso que apareçam muitos mais.
Como ? Apostando na formação de qualidade, pensando nos clubes pequenos que são o motor da modalidade.
Os clubes pequenos precisam de ser ajudados na sua organização, na formação de monitores/técnicos, na formação de dirigentes.
Os quadros competitivos dos escalões de formação precisam de ser alterados.
O futsal precisa de ser pensado globalmente e coordenadas as acções, FPF, Associações, ANTF e Arbitragem. A estrutura actual não funciona.  

Termino dizendo que um organismo autónomo da FPF para a gestão do futsal, à semelhança do que se passa em Espanha e Brasil, será a solução.

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